Bush condena reportagens sobre programa de espionagem

Para o presidente, a publicação de informações relativas ao monitoramento de transações financeiras de suspeito de terrorismo privilegia os inimigos dos EUA

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Por Agencia Estado
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, condenou nesta segunda-feira a publicação de reportagens sobre o programa de monitoramento secreto das transações financeiras de suspeitos de terrorismo. "O vazamento da existência deste programa e a publicação desta informação na mídia é extremamente prejudicial aos Estados UNidos", disse Bush. Para ele, a divulgação do programa "faz com se torne mais difícil vencer a guerra contra o terrorismo". O programa de monitoramente está em funcionamento desde pouco depois dos ataques em 11 de setembro de 2001. Os jornais americanos The New York Times, The Wall Street Journal e o Los Angeles Times divulgaram sua existência na semana passada. O programa autoriza que analistas do governo americano obtenham informações financeiras de um vasto banco de dados mantido por uma companhia belga. Cerca de 11 milhões de transações financeiras realizadas em 7.800 bancos e outras instituições financeiras de 200 países passam por esse sistema todos os dias. "O Congresso foi avisado, e tudo o que fizemos está completamente autorizado pelas nossas leis", disse Bush. O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, informou que o Departamento de Justiça irá decidir se a divulgação do programa será investigada. "Certamente ninguém está negando a Carta de Direitos. Mas o The New York Times e outros jornais deveriam pensar mais profundamente que o direito de publicar uma notícias em alguns casos pode negar o direito de viver de uma pessoa", disse. Reação do ´NYT´ A administração Bush declarou já ter informado todos os seus principais aliados de que o programa secreto garante a integridade da privacidade dos cidadãos e irá continuar. O porta-voz do Departamento do Tesouro, Tony Fratto, disse que os contatos foram feitos depois da divulgação do programa na mídia americana. O editor-executivo do The New York Times, Bill Keller, divulgou uma nota no website do jornal no domingo dizendo que passaram semanas discutindo com oficiais da administração de Bush sobre a publicação da notícia. Segundo ele, parte da argumentação do governo era que o programa antiterror não seria mais eficiente se fosse divulgado, porque bancos internacionais não iriam querem cooperar e terroristas encontrariam outras formas de movimentar dinheiro. "Nós não sabemos os que os bancos farão, mas acreditamos que este seja um argumento fraco para a não divulgação da informação", disse Keller, apontando que os bancos foram intimados a prover as informações. A nota aos leitores foi publicada no mesmo dia em que o deputado Peter King pediu que a administração Bush processe o jornal. "Estamos em guerra, e as informações sobre um programa secreto são preciosas", disse o deputado republicano.

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