Bush: debate sobre lei de imigração deve evitar xenofobia

O presidente americano alertou sobre os perigos do crescimento de sentimentos anti-imigração, às vésperas de uma eleição legislativa sobre o tema

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Por Agencia Estado
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No momento em que o senado americano se prepara para deliberar sobre uma lei que irá decidir o futuro dos cerca de 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente no país, o presidente George W. Bush aproveitou para alertar sobre os perigos que o acirramento de sentimentos anti-imigrantes pode gerar. Segundo Bush, "não será fácil" para o senado tomar decisões relativas ao assunto. "O debate deve ser conduzido de uma maneira digna e cívica", disse Bush, para quem as críticas aos imigrantes são uma ameaça à identidade americana e um entrave à economia. Às vésperas de uma eleição legislativa, os senadores terão que se equilibrar entre a demanda dos eleitores americanos por um maior controle nas fronteiras com o objetivo de evitar novos ataques terroristas e as reivindicações da indústria e comércio que utilizam a maré de imigrantes como mão-de-obra barata para seus negócios. Vários possíveis concorrentes nas eleições presidenciais de 2008 vêem a questão como decisiva para a escolha do novo presidente americano. Bush usou uma cerimônia de naturalização de 30 novos cidadãos americanos, vindos de 20 países e cinco continentes diferentes, para pressionar pelo que ele chama de um programa especial para "trabalhadores convidados". O Comitê Judiciário do Senado, enquanto isso, tem até a meia noite desta segunda-feira para finalizar a proposta de lei. "Não se pode brincar com os medos das pessoas ou tentar colocar vizinho contra vizinho", disse Bush. "Ninguém deve fingir que os imigrantes são uma ameaça à identidade dos Estados Unidos porque os imigrantes foram responsáveis pela formação da identidade americana", completou. Desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o debate sobre o controle da imigração foi dominado por pedidos por maior controle sobre as fronteiras americanas. Somado a isso, uma dura lei que complica a situação dos imigrantes ilegais no país, aprovada no ano passado pela Casa dos Representantes (câmara dos deputados), galvanizou as forças que lutavam pela criação de programas de trabalho para os imigrantes ilegais que já se encontram nos Estados Unidos. Protestos Advogados ligados a grupos de defesa dos direitos dos imigrantes marcaram para esta segunda-feira, em frente ao prédio do Capitólio, em Washington, uma demonstração em que dezenas de pessoas protestarão contra o que esses grupos classificam como um lei que criminaliza os programas de ajuda para imigrantes pobres. "Nós não aceitaremos aproximações exclusivamente baseadas na coerção", disse a vice-presidente do Conselho Nacional de La Raza, um grupo hispânico de advocacia, Cecilia Muñoz. No sábado, mais de 500 mil pessoas saíram às ruas de Los Angeles para pedir pelo abandono das medidas aprovadas pela câmara, que prevê a criminalização de imigrantes ilegais e a construção de uma cerca de 700 milhas ao longo da fronteira de 2 mil quilômetros entre os Estados Unidos e o México. O governador do estado do Novo México, o democrata Bill Richardson, disse à rede de TV CBS que considera impossível deportar os cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem atualmente no país. No lugar disso, ele propôs a criação de "um estrada pela legalização" que poderia levar em consideração os "comportamentos positivos" dos imigrantes em quesitos como respeito è lei, pagamento de taxas e conhecimento do inglês.

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