Bush declara guerra ao terrorismo

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente George W. Bush declarou guerra ao terrorismo nesta terça-feira à noite e disse que os Estados Unidos ?não farão nenhuma distinção entre os terroristas e aqueles que os abrigam?, depois que descobrirem os responsáveis pelos ataques que destruíram o World Trade Center, em Manhattan, e uma ala do Pentágono, a sede do ministério da Defesa, nos arredores de Washington. O presidente, que retornou no final da tarde a uma Washington deserta, depois de passar quase todo o dia a bordo do Air Force One voando entre bases aéreas sob forte escolta de caças da Força Aérea, falou de seu gabinete da Casa Branca a um país ainda atordoado pela brutalidade e violência dos atentados. Bush disse que os Estados Unidos sofreram um ?ataque deliberado e mortal ao nosso estilo de vida e à nossa liberdade? e preparou o espírito da nação para a penosa contabilidade dos mortos, que começou ontem à noite quando os primeiros corpos começaram a chegar a necrotérios em Nova York e Washington. ?Milhares de vidas foram subitamente perdidas?, disse Bush. Entre estas, contavam-se nesta terça-feira à noite, como certo, as de 266 passageiros e tripulantes dos quatro aviões sequestrados, as de pelo menos cem militares e civis mortos quando um dos aparelhos atingiu o Pentágono e mais de duas centenas de bombeiros e policiais de Nova York que responderam inicialmente à emergência no World Trade Center. Ali, pelo menos 20 mil pessoas já haviam chegado para trabalhar quando aconteceu o primeiro ataque, às 8:45 da manhã. Não se sabe quantas pessoas conseguiram deixar as duas torres antes de elas desabarem, menos de uma hora depois de serem atingidas por dois aviões. ?Esses atos de assassinato em massa têm a intenção de amedrontar nosso país e levá-lo ao caos e ao recuo, mas eles fracassaram?, disse o presidente americano. ?Nosso país é forte e um grande povo mobiliza-se para defender uma grande nação: os terroristas podem fazer estremecer as fundações dos nossos maiores prédios, mas eles não conseguirão tocar os alicerces da América; eles podem quebrar vigas de aço, mas não dobrarão a determinação da América?. Com uma voz calma, mas que traia sua mal contida ira, Bush disse que mobilizou ?todos os recursos dos serviços policiais e de inteligência na busca dos responsáveis por esses ataques miseráveis? e agradeceu aos líderes mundiais que manifestaram suas condolência e ofereceram assistência. ?A América e seus amigos e aliados juntar-se-ão àqueles que querem a paz e a segurança no mundo e, juntos, venceremos a guerra contra o terrorismo?., disse ele. Preocupado em demonstrar que o governo dos EUA continua em pleno controle da situação, Bush afirmou que "as funções do governo continuam sem interrupção?. A verdade, porém, é que a situação, nesta terça à noite, estava ainda longe de estar estabilizada. O serviço Secreto, que manteve Bush a maior parte do dia longe de Washington, achou prudente que ele e sua mulher passassem à noite fora da Casa Branca. Com as forças armadas no estado mais alto de prontidão e o plano federal de respostas à emergência e calamidades em plena operação, os serviços essenciais da administração voltarão a funcionar nesta quarta-feira, mas milhares de funcionários federais foram instruídos a comparecer a locais alternativos de trabalho. O Departamento de Estado, por exemplo, transferiu suas principais funções para prédio em Arlington, em Virginia. A Casa Branca e os prédios públicos do centro de Washington devem amanhecer com proteção reforçada. O mercado financeiro permanecerá fechado. Os aeroportos do país continuarão com suas operações suspensas até, pelo menos, meio-dia desta quarta-feira. Não haverá aulas nas escolas públicas e em várias escolas particulares das regiões metropolitanas de Washington e Nova York. Os líderes do Congresso, que chegaram a ser transferidos e mantidos em lugar seguro durante parte do dia, de acordo com um esquema de emergência desenhado durante a guerra fria para garantir a continuidade do governo em caso de um ataque nuclear, retornaram às escadarias de um Capitólio fechado, no final da tarde desta terça. Acompanhados por vários congressistas, o republicano Dennis Hastert, presidente da Câmara de Representantes, e o democrata Tom Daschle, que comanda a maioria do Senado, afirmaram a união do país em torno de seu presidente e anunciaram que voltarão ao Capitólio nesta quarta e trabalharão com Bush para prover os fundos necessários para garantir a segurança dos americanos e responder aos terroristas. ?Os atos desprezíveis de hoje foram um assalto contra o nosso povo e a nosas liberdade?, disse Daschle. ?Como representantes do povo, estamos aqui para declarar que a nossa determinação não foi enfraquecida por esses atos horrorosos e covardes e que o Congresso continuará seu trabalho amanhã?, afirmou, sob os aplausos dos deputados que, emocionados, cantaram ?God Bless America? (?Deus Abençoe a América?), um dos hinos patrióticos dos EUA. Os recursos dos serviços de inteligência americanos em todo o mundo estavam acionados nesta terça à noite numa operação para tentar identificar os responsáveis pelos atentados ? o primeiro ataque maciço coordenado contra o território continental dos EUA desde que os ingleses tentaram retomar o controle da colônia perdida, em 1800.

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