Bush deixou EUA mais seguros

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Por Marc A. Thiessen
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No último dia da presidência de George W. Bush, na terça-feira, os EUA registraram 2.688 dias sem ataque terrorista em seu solo. Serão 1.459 dias até a próxima posse. A possibilidade de Barack Obama aparecer nos degraus do Capitólio para prestar juramento uma segunda vez vai depender de ele conseguir repetir o feito de Bush. No momento em que o novo presidente recebe seus informes de inteligência, alguns fatos precisam ficar claros: a Al-Qaeda está trabalhando ativamente para atacar de novo nosso país. E as políticas e instituições que Bush criou para impedir isso estão dando certo. Durante a campanha, Obama prometeu desmantelar muitas dessas políticas. Ele persiste nessas promessas para o risco do país - e dele próprio. Se Obama enfraquecer qualquer uma das defesas que Bush criou e terroristas atacarem novamente o país, os americanos responsabilizarão Obama - e o Partido Democrata poderá se ver inelegível por uma geração. Considere-se, por exemplo, o programa da CIA que Bush criou para deter e interrogar líderes importantes na guerra contra o terror. Muitos desses terroristas, incluindo o idealizador dos ataques de 11 de Setembro, Kalid Sheik Mohamed, recusaram-se a falar até Bush autorizar a CIA a usar técnicas avançadas de interrogatório. A informação adquirida com o uso dessas técnicas impediu alguns ataques planejados - incluindo planos para explodir o consulado americano em Karachi, no Paquistão, o lançamento de aviões contra as torres Canary Wharf, em Londres, e o lançamento de um avião na Library Tower, de Los Angeles. Durante a campanha, Obama descreveu as técnicas usadas para impedir esses ataques como "tortura". Ele prometeu que, se eleito, ordenaria o uso das "técnicas de interrogatório segundo o Manual de Campo do Exército para todo o pessoal e as empresas contratadas". Se seguir nesse curso, ele acabará com um programa que impediu a Al-Qaeda de lançar outro ataque no estilo do 11 de Setembro. Foi fácil para o candidato Obama criticar o programa da CIA. Como presidente, porém, o que ele fará quando o próximo líder da Al-Qaeda, com informações sobre planos para atacar nossa pátria, for capturado e se recusar a falar? Será que o presidente permitirá que a CIA interrogue esse terrorista usando técnicas avançadas de interrogatório? Se Obama se recusar e nosso país for atacado, ele será responsabilizado. Considere-se também o programa da Agência de Segurança Nacional (NSA) para monitorar comunicações de terroristas estrangeiros. No Senado, Obama votou contra a confirmação do então diretor do NSA, Michael Hayden, para chefiar a CIA porque, nas palavras de Obama, Hayden era "o arquiteto e principal defensor de um programa de grampo e coleta de gravações telefônicas fora da fiscalização da FISA". Obama prometeu que "quando for presidente, meu ministro da Justiça vai conduzir uma revisão abrangente de todos os programas de vigilância e fazer novas recomendações para preservar as liberdades civis". Agora que prestou juramento, será que Obama permitirá que o programa continue até 2012, como o Congresso autorizou, quebrando sua promessa? Ou seguirá em frente com a prometida reavaliação e imporá restrições à capacidade da NSA de saber o que os terroristas estão planejando? Se o fizer, o que acontecerá se não conseguir ligar os pontos antes do próximo ataque? Obama enfrenta um dilema parecido com respeito ao Iraque. Bush legou-lhe um Iraque estabilizado, onde a Al-Qaeda está em retirada e as forças americanas estão voltando para casa até o fim de 2011 com a política de "retorno com sucesso". O candidato Obama prometeu acelerar dramaticamente a retirada e trazer os soldados americanos num prazo de 16 meses. O problema é que o general David Petraeus provavelmente não recomendará essa retirada rápida e irresponsável. Isso deixa duas opções a Obama: recuar de seus planos e continuar a lenta retirada já em andamento ou contrariar seus comandantes militares. Se o fizer, ele terá resultados potencialmente devastadores. Em 2007, o presidente Bush revelou informações secretas de que Osama bin Laden havia dito a líderes da Al-Qaeda no Iraque para formar uma célula para realizar ataques nos EUA. O reforço das tropas os expulsou de seus abrigos e impediu esses planos. Se Obama permitir que a Al-Qaeda recupere seus abrigos iraquianos, não poderá culpar Bush. O presidente Obama herdou um conjunto de ferramentas que protegeram com sucesso o país por 2.688 dias - e não pode desmantelar essas ferramentas sem se arriscar a consequências catastróficas. *Marc A. Thiessen foi principal escritor dos discursos do presidente George W. Bush

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