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Bush diz estar perto de acordo com Congresso sobre Iraque; democratas negam

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse nesta quinta-feira que está perto de alcançar um acordo com o Congresso para "falarem com uma só voz" contra o presidente iraquiano Saddam Hussein, mas líderes democratas disseram não ter chegado a um consenso dando a Bush amplos poderes para atacar o Iraque e disseram não saber se a questão poderá ir a votação na semana que vem. No Conselho de Segurança (CS) da ONU, o governo norte-americano também está tendo dificuldades de obter o aval para a aprovação de uma resolução ameaçando o Iraque com uma intervenção militar caso não cumpra integralmente as obrigações quanto ao desmantelamento dos supostos arsenais de armas de destruição em massa. O secretário de Estado, Colin Powell, anunciou hoje que EUA e Grã-Bretanha chegaram a um acordo sobre os elementos do texto. No entanto, os dois países estão tendo dificuldades para convencer os outros membros permanentes do CS - França, Rússia e China - a aprovar um documento com ameaças. O subsecretário norte-americano de Estado Marc Grossman foi enviado hoje a Paris e Moscou para negociações. Quanto à China, hoje o primeiro-ministro Zhu Rongji expressou apoio à proposta francesa de uma resolução em duas etapas: a primeira, exigindo Bagdá a cumprir as obrigações e, posteriormente, uma outra ameaçando o país com "sérias conseqüências" caso não as cumpra. O presidente russo, Vladimir Putin, pediu hoje por uma rápida solução para a crise iraquiana "por meios políticos e diplomáticos, com base nas existentes resoluções do CS e de acordo com os princípios da lei internacional". O líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, Richard Gephardt, pediu hoje à Casa Branca que separe a "segurança da política", frisando que a luta partidária complica os esforços de conseguir unidade no tema iraquiano. Na quarta-feira, o líder democrata no Senado, Tom Daschle, criticou a politização do tema e exigiu desculpas de Bush por ter dito em diferentes ocasiões que seu partido "não está interessado na segurança nacional". A declaração do presidente causou mal-estar nos meios políticos e hoje ele adotou um tom conciliatório, ao receber deputados dos dois partidos. "A segurança do país é um compromisso dos dois partidos", disse. "Estamos engajados em uma discussão cuidadosa, cortês e ponderada. Nos dirigimos a uma forte resolução. Todos nós, e muitos outros no Congresso, estamos unidos em nossa determinação de confrontar uma ameaça urgente aos EUA." Vários democratas se queixam de que a resolução de Bush para o Iraque lhe dá poderes amplos demais e não estão convencidos de que o regime de Saddam Hussein represente uma ameaça imediata. Dizem que o tema ofuscou as discussões sobre o desaquecimento da economia na campanha eleitoral para renovação do Congresso e governadores de alguns Estados, em 5 de novembro. Dois dos mais influentes diários americanos, The Washington Post e The New York Times, lançaram hoje uma advertência ao presidente Bush sobre o modo como vem enfocando a questão iraquiana, criticando a politização do debate e as dúvidas que semeou sobre o patriotismo dos democratas. "A cínica e irresponsável manipulação do presidente sobre o tema ameaça diminuir sua credibilidade", opina o editorialista do Post, para o qual o a guerra deveria ser objeto de um amplo debate, prudente e sóbrio, mas atualmente é tratado apenas como tema político, "do qual se pode manipular para tirar o máximo de vantagem". Em tom igualmente duro, o Times assinala que "ofender o patriotismo de qualquer pessoa traz problemas, é injusto e, em última instância, antiamericano".

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