Bush diz que ações de Israel "não ajudam"

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Por Agencia Estado
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, criticou Israel duramente nesta terça-feira pelo cerco ao quartel-general de Yasser Arafat, afirmando que a ação "não ajuda", no momento em que os Estados Unidos e seus aliados buscam construir um Estado palestino livre e estável. "À medida em que combatemos o terror, particularmente no Oriente Médio, eles precisam construir as instituições necessárias para que um Estado palestino seja estabelecido?, disse Bush. "O que ocorreu recentemente não ajuda". Ele fez as declarações após uma reunião de gabinete, num esforço para conter a revolta no mundo árabe. Os EUA se abstiveram em uma resolução da ONU que condenou atentados suicidas à bomba e pediu o fim do cerco israelense, que teve início no fim de semana, depois de dois ataques à bomba em Israel que puseram fim a seis semanas de relativa calma. Bush advertiu que a inação dos EUA nas Nações Unidas foi uma mensagem, embora não tenha explicado de quê. "Esperamos que todas as partes se mantenham no caminho da paz", disse. "Temos de pôr fim ao sofrimento. Penso que as ações israelenses não ajudam em termos do estabelecimento e desenvolvimento de instituições necessárias para a emergência de um Estado palestino". Anteriormente, o ministro do Exterior da Jordânia, Marwan Muasher, afirmou que a administração Bush deveria levar à frente um plano de paz árabe para o Oriente Médio, mesmo que Yasser Arafat permaneça no poder. Não cabe aos EUA escolherem o líder palestino, opinou Muasher na noite desta segunda-feira. Bush pediu em junho a remoção de Arafat, mas não deu indicações públicas de como isso deveria ser feito. "Não podemos fazer todo o processo refém da situação de Arafat", disse Muasher. Ele também advertiu que um ataque dos EUA ao Iraque seria visto pelo árabes como uma guerra contra todos eles. E acrescentou que a administração Bush adotou uma "apavorante noção" de que pode rearrumar a região de acordo com sua vontade e substituir o presidente iraquiano, Saddam Hussein, por um governo democrático. "Você não injeta democracia com uma seringa e espera que funcione", disse ele numa coletiva no Conselho de Relações Internacionais, um grupo de estudos privado. Muasher deve reunir-se nesta terça com o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell. O cerco de Israel a Arafat é o principal ponto da agenda. Muasher afirmou ter certeza de que Israel vai recuar. Na entrevista coletiva, o chanceler jordaniano disse que se opõe ao tratamento passo-a-passo dado por Sharon ao processo de paz. Segundo ele, os árabes ofereceram a Israel um "mapa claro" para a paz em todas as frentes dentro de três anos. Ele exigiria que Israel devolvesse todas as terras árabes capturadas na Guerra dos Seis Dias, de 1967, incluindo parte de Jerusalém. "Não podemos voltar a essa charada de passos sem ter uma solução de uma vez por todas", considerou. Muasher, que foi embaixador da Jordânia em Washington, disse que seu principal objetivo é evitar um ataque dos EUA ao Iraque. "A região não pode suportar outra guerra", advertiu. E, continuou, "será muito mais fácil remover o regime do que instalar outro". Um ataque contra o Iraque, acrescentou, jogaria "pela janela" o processo de paz árabe-israelense.

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