Bush diz que EUA devem se proteger de iranianos no Iraque

Nova postura de "matar ou capturar" substitui orientação de "capturar e soltar"

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Por Agencia Estado
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, confirmou nesta quarta-feira que as forças militares de seu país estão autorizadas a se protegerem de agentes iranianos que apoiarem os rebeldes no Iraque. No entanto, Bush rejeitou a possibilidade de entrar em guerra contra o país persa. "Nossa política será a de proteger nossas tropas", disse Bush no Salão Oval da Casa Branca, após se reunir com o general do Exército David Petraeus, que recebeu a confirmação do Senado para o cargo de comandante das forças de seu país no Iraque. "Faz sentido que detenhamos alguém que tenta danificar nossas tropas, procura evitar que atinjamos nossos objetivos e tenta matar civis inocentes no Iraque", acrescentou Petraeus. Nesta quarta-feira, o jornal The Washington Post informou que a Casa Branca autorizou que suas forças capturem ou matem agentes iranianos que ajudarem os rebeldes. Segundo a reportagem, Bush aprovou no ano passado uma nova política em relação aos iranianos no Iraque. A orientação de "matar ou capturar" substituiu a anterior, de "capturar e soltar". Pela norma anterior, as forças americanas, quando capturavam agentes iranianos no Iraque, se limitavam a interrogar e tirar as impressões digitais, mostras de DNA e imagens das retinas antes de liberar os detidos, num prazo de três ou quatro dias. O objetivo era evitar um conflito com Teerã. Este mês, soldados americanos detiveram cinco iranianos em um escritório do país persa em Erbil, no norte do Iraque. Os EUA alegam que os agentes tinham conexões com a Força Qods dos Guardiões da Revolução do Irã, um grupo que ajuda os insurgentes a fabricar artefatos explosivos. O Irã, entretanto, sustenta que os cinco detidos realizavam funções meramente diplomáticas, e exigiu que os Estados Unidos os libertem. Bush negou que os EUA estejam saindo das fronteiras do Iraque com as ações contra os iranianos. "Essa suposição simplesmente não é verdadeira", disse. O presidente reiterou que seu país aposta na via diplomática e na cooperação com seus aliados para evitar que o Irã produza armas nucleares. Em seu discurso, Bush reconheceu que há "pessimismo e ceticismo" no Senado com relação a seu plano para enviar um reforço de 21.500 soldados adicionais ao Iraque, para pacificar Bagdá e a província sunita de Anbar. O chefe da Casa Branca criticou, no entanto, que alguns legisladores "condenem" a estratégia sem dar oportunidade para que funcione. "Escolhi o plano que considero que tem as maiores possibilidades de sucesso", disse Bush. "Sou eu quem decide", afirmou o presidente, que sugeriu aos opositores que "apresentem uma alternativa". Na semana que vem, deve chegar ao plenário do Senado uma resolução não-vinculativa que rejeita o aumento do contingente americano Iraque, que atualmente é de cerca de 132 mil soldados. Essa resolução foi aprovada na quarta-feira pelo Comitê de Relações Exteriores do Senado. Os legisladores analisam ainda outra resolução, com um tom mais brando, mas que também se opõe ao aumento do número de tropas dos EUA no Iraque. Agentes infiltrados O Conselho Nacional da Resistência Iraniana (Cnri), organização de oposição ao regime do país, denunciou nesta sexta-feira que Teerã dispõe de milhares de agentes no Iraque que se dedicam a organizar atentados e a apoiar grupos violentos. Dirigentes desse grupo concederam uma entrevista coletiva em Paris para apresentar uma lista com o nome de 31.690 agentes iranianos que atuam no Iraque, assim como a data em que foram recrutados, seus salários e o número de conta bancária no qual o dinheiro é depositado. O responsável de Assuntos Exteriores do Cnri, Mohammad Mohadessine, assegurou que a maior parte dos agentes fazem parte da chamada milícia Badr, vinculado diretamente ao Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque. Mohadessine afirmou que o Irã consegue, com a conivência de policiais fronteiriços, fazer passar armas e dinheiro para uso de seus próprios agentes e para a provisão a grupos da insurgência iraquiana. Os agentes estão presentes em cerca de 20 províncias, segundo o Cnri, que conseguiu a informação por meio de simpatizantes que estão em território iraniano. As listas são de agentes que estavam em atividade em 2003 e 2004, segundo o dirigente opositor, que se mostrou convencido de que ainda há muitos iranianos infiltrados no Iraque. Na entrevista coletiva, a organização também apresentou fotos aéreas, tiradas por satélite, que mostravam o que supostamente são os quartéis-generais das milícias Badr em Teerã. Mohadessine disse que essa atividade do regime iraniano se justifica por seu "isolamento" e pela crescente "crise interna" que tenta superar através da "exportação do fundamentalismo" a outros Estados, sobretudo ao Iraque. O dirigente do Cnri calculou em cerca de US$ 6 bilhões a quantia que o Irã usou para "exportar o terrorismo" para o Iraque nos dois anos e meio posteriores à queda de Saddam Hussein. O Cnri ficou conhecido por denunciar a existência de um programa nuclear militar no Irã, e indicar lugares concretos de instalações desse tipo.

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