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Bush e Blair defendem resolução para cessar-fogo no Líbano

Em comunicado conjunto, os dois líderes pediram o envio imediato de uma força multinacional para o Oriente Médio; Condoleezza Rice viaja sábado para a região

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disseram nesta sexta-feira apoiar uma resolução da ONU que estabeleça um fim para crise no Oriente Médio, e pediram o envio imediato de uma força internacional ao Líbano para promover ajuda humanitária na região. Os líderes ressalvaram, no entanto, que um plano para por fim ao conflito depende de negociações para as disputas de longa data que originaram as hostilidades. Em comunicado conjunto na sala leste da Casa Branca após uma reunião no Salão Oval, Bush e Blair disseram esperar a aprovação de uma resolução da ONU sobre o assunto para a próxima semana. O presidente americano também anunciou que enviará a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, de volta à região neste sábado, para negociar os termos do plano. Rice já esteve na região no início desta semana, mas não obteve avanços. Na quarta-feira, uma conferência realizada na Itália também falhou em propor uma solução para conflito, pois os Estados Unidos, apoiados pela Grã-Bretanha, insistiram que o cessar-fogo deveria estar vinculado a esforços maiores para desarmar o Hezbollah. A onda de ataques israelenses contra posições no Líbano chegou ao seu 17º dia nesta sexta-feira em meio a intensos bombardeios no sul do país. A crise teve seu estopim depois que militantes da guerrilha xiita Hezbollah ultrapassaram a fronteira de Israel e capturaram dois soldados israelenses, em uma operação que deixou outros oito militares mortos. Desde então, ao menos 600 libaneses - a maioria civis - morreram vítimas dos ataques israelenses. Já em Israel, o número de mortos ultrapassa os 50. Bush disse que ele e Blair esperam que a resolução providencie "um plano claro para o fim das hostilidades sobre bases urgentes e estabelecendo o envio das forças multinacionais". "Este é um momento de conflitos intensos no Oriente Médio", disse o presidente americano. "Ainda assim, nosso objetivo é transformá-lo em um momento de oportunidade e uma chance para maiores mudanças na região." As expectativas de que Blair se distanciaria de Bush pedindo um cessar fogo imediato e incondicional, como reivindicam outros países europeus e árabes, não se materializou. As palavras do premier inglês foram quase idênticas às de Bush. Isso porque, no Reino Unido, o clima é de pressão para que o governante peça um cessar-fogo imediato. Nesta sexta-feira, o jornal inglês The Independent publicou na primeira página um pedido de cessar-fogo assinado por deputados, ex-embaixadores britânicos e membros de ONGs. Durante a coletiva que concederam em conjunto, Bush e Blair mantiveram suas posições iniciais de que qualquer solução para a crise atual deve remeter às causas iniciais do problema. Para os dois líderes, caso não seja desta forma, a violência retornará ao povo libanês. Eles se referiam a uma resolução de 2004 do Conselho de Segurança que determinou o desarmamento do Hezbollah - algo que o governo libanês foi incapaz de fazer. Apelos internacionais Já fora do eixo EUA-Grã-Bretanha, o presidente da França - um dos países membros do Conselho de Segurança e do G8 -, Jacques Chirac, disse nesta sexta-feira que também irá pressionar, mas neste caso a ONU, por uma resolução rápida à favor do cessar-fogo na região. Após duas semanas de conflito, cresce também o apoio do mundo árabe ao Hezbollah. Segundo o jornal The New York Times, há uma forte tendência da opinião pública árabe em apoiar a milícia. Inicialmente, diz o jornal, os governos árabes criticaram o Hezbollah por provocar a guerra de forma imprudente. Agora a opinião no mundo árabe tem mudado. Enquanto países de maioria muçulmana sunita como Arábia Saudita, Jordânia e Egito criticam as ações do Hezbollah, Irã e Síria, apóiam declaradamente a milícia. Do lado israelense, 82% da população do país apóia os ataques contra o grupo extremista. A posição defendida inicialmente por Washington e Londres foi interpretada por Israel como um sinal verde para o prosseguimento das ações. Bush voltou a responsabilizar a Síria e o Irã pelas ações do Hezbollah. "O Hezbollah, apoiado pelo Irã e a Síria, quer matar e usar a violência para impedir a disseminação da paz e da democracia", disse o presidente americano. "Mas eles não conseguirão." Blair reforçou as palavras de Bush. "Nós sabemos como essa situação começou", disse o líder britânico. "Temos que resolver a situação imediatamente. Mas não deveríamos ter nenhuma dúvida de que a paz será temporária se não pusermos em ação um plano de longo prazo". O premier britânico também revelou a imensa dificuldade que será restaurar a calma em uma região amplamente volátil. "Isso só funcionará se o Hezbollah estiver preparado para permitir que funcione", ressalvou. Esta é a segunda visita de Blair a Washington em dois meses. Enfraquecido pelas críticas à guerra no Iraque e por escândalos internos, o líder inglês também tem sido ridicularizado por sua fidelidade incondicional ao presidente americano. Texto atualizado às 17h28

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