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Bush e Chirac ainda não se entendem sobre Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma hora de conversa telefônica entre os presidentes George W. Bush e Jacques Chirac, na noite desta quarta feira, não foi suficiente para que Estados Unidos e a França pudessem superar suas divergências sobre o Iraque. A forma encontrada para encobrir o malogro do resultado do bate-papo (as posições sobre um eventual ataque contra Bagdá continuam muito distantes) foi a transferência do diálogo para o secretário de Estado americano, Colin Powell, e o ministro das Relações Exteriores francês, Dominique de Villepin, que deverão, nos próximos dias, "se esforçar para integrar as preocupações respectivas da França e dos Estados Unidos Unidos", segundo comunicado distribuído pelo Quai d´Orsay, a chancelaria francesa. Washington, leia-se Bush, não esconde sua forte irritação com a rejeição da França em ver inscrita na resolução da ONU uma frase estabelecendo que o emprego da força contra o Iraque passa a ser automático se este país não cumprir à risca a resolução das Nações Unidas sobre o desarmamento. Bush repetiu a Chirac que sua posição é a mesma de sempre, devendo a resolução comportar uma declaração sobre as conseqüências em caso desrespeito "às modalidades de inspeção". A seu ver, quanto mais forte for a declaração, maiores serão as chances de resolver a questão pacificamente. Já a porta-voz de Chirac, Catherine Colonna, após o telefonema entre os dois presidentes, explicou que a França deseja a adoção de uma resolução clara sobre o mandato dos inspetores e uma reafirmação da competência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para avaliar as conseqüências de uma eventual violação pelo Iraque dos compromissos assumidos. A diplomacia francesa defende uma ação internacional em duas etapas, posição que leva vantagem sobre a determinação americana. Os franceses têm o apoio da Rússia e da China, ambos também contrários a uma ofensiva militar automática. A França, segundo afirmou seu primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarrin, na Assembléia Nacional, só admite o uso da força contra o Iraque como último recurso, esgotados todos os demais meios pacíficos. A diplomacia francesa não está disposta, revela seu ministro do Exterior, Dominique de Villepin, a assinar um cheque em branco para a ação seguinte, caso o Iraque não cumpra seus compromissos com a comunidade internacional, via Nações Unidas. Um encontro entre os representantes dos cinco países do Conselho de Segurança com direito a veto (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia) deveria ocorrer logo após o anúncio do resultado da votação no Congresso americano, que deve dar sinal verde para uma ação militar de Bush. A única concessão da França foi a de tornar mais duras as condições de inspeção nos chamados complexos presidenciais, ou palácios, do Iraque, cujas portas o governo de Bagdá começa admitir que vai abrir.

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