Bush e presidente chinês discutem terrorismo e venda de armas

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Por Agencia Estado
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Exatamente 30 anos após a visita histórica que o presidente norte-americano Richard Nixon fez a China, George W. Bush agradeceu a nação chinesa por seu apoio no combate ao terrorismo. Apesar de Bush esperar que Pequim desvie, pacificamente, a Coréia do Norte de seu caminho ameaçador, falhou ao persuadir a China a parar com seu próprio tráfico de armas de destruição em massa. ?Terrorismo é uma ameaça para ambos os países?, disse Bush numa entrevista coletiva que concedeu ao lado do presidente chinês Jiang Zemin nesta quinta-feira. ?Eu dou as boas-vindas à cooperação da China na guerra contra o terrorismo. Eu encorajo a China a continuar a ser uma força de paz entre seus vizinhos?, defendeu. Em sua estada no último dos três países da Ásia que programou para visitar, Bush esperava que a China concordasse em repensar a venda de mísseis e tecnologia nuclear ao Irã, Paquistão, Coréia do Norte e outras nações. Irã e Coréia do Norte, junto ao Iraque, formam o que Bush chamou de ?eixo do mal?, possível próximo alvo de seu plano no combate ao terrorismo. Bush e Jiang deixaram o encontro que tiveram no Grande Salão do Povo elogiando a relação que os EUA e a China conquistaram desde a primeira visita de Nixon, em 1972, e o fortalecimento da parceria que os dois países forjaram depois do último ataque terrorista que os EUA sofreram. Jiang prometeu cooperar, de um modo geral, no combate ao terrorismo. Permanece o impasse entre os dois países quanto a venda de armas e segurança nacional, mas a conselheira de segurança dos EUA, Condoleezza Rice, disse aos repórteres que apesar de ainda não haver acordo, ?o trabalho para tal está a caminho?. ?É natural que China e Estados Unidos discordem em alguns pontos?, disse Jiang. ?Enquanto os dois lados agirem com o espírito de respeito mútuo, igualdade e em busca de um denominador comum, nós seremos capazes de, gradualmente, diminuir nossas diferenças?. ?Meu governo espera que a China se oponha fortemente ao crescimento da produção de mísseis e outras armas tecnológicas?, disse Bush. Diálogo com a Coréia do Norte Ao lado de Jiang, o presidente norte-americano pediu ajuda para contatar Kim Jong II, o líder da Coréia do Norte, para dizer que os Estados Unidos desejam, seriamente, dialogar. Bush, que chegou a Pequim depois de visitar a fronteira entre as duas Coréias, disse que a China pode ter certeza de que a campanha antiterrorismo, atualmente desgastada na Coréia do Norte, será feita de forma pacífica. ?Nem todo episódio na guerra contra o terror precisar ser resolvido por meio da força. Alguns acontecimentos podem ser solucionados com diálogo e diplomacia. Neste ponto o governo chinês pode ser bastante útil". Jiang não quis responder às perguntas de dois jornalistas americanos sobre a repressão que o governo chinês exerce sobre as religiões, particularmente a detenção de bispos católicos, e sua opinião sobre o regime de Saddam Hussein no Iraque. No final da coletiva, Jiang procurou os jornalistas para responder as questões. O presidente da China disse que leu a Bíblia, o Alcorão e as escrituras do Budismo, embora não tenha pessoalmente uma preferência religiosa. Aqueles que foram presos, segundo ele, foram detidos não por suas crenças religiosas, mas porque desrespeitaram a lei. ?Eu não tenho o direito de interferir nos assuntos judiciais?, disse. Bush tentou pressionar, gentilmente, o líder chinês quanto aos direitos humanos e liberdade civil dizendo, ?todas as pessoas do mundo, incluindo os chineses, devem ser livres para escolher sua vida, crença religiosa e profissão?, enfatizou. Visita silenciosa A visita do presidente norte-americano não empolgou a população chinesa, que observou em silêncio a movimentação em torno do encontro de Bush e Jiang, uma metáfora, talvez, aos 30 anos da relação de aquecimento entre chineses e americanos. ?No passado, todos nós estaríamos alinhados nas ruas desde o aeroporto, balançando bandeiras, mas isso seria uma falsa recepção?, disse um empresário que identificou-se, apenas, pelo sobrenome, Pan. Novo encontro Bush e Jiang concordaram em se encontrar novamente nos Estados Unidos, quando o vice-presidente chinês, Hu Jintao, aparentemente herdeiro do posto de Jiang, viajará para Washington para reunir-se com o vice-presidente norte-americano, Dick Cheney. Bush terá um breve encontro com Hu, na sexta-feira, quando será apresentado a estudantes da Tsinghua University pelo vice-presidente. Após o seu discurso na universidade, que o governo chinês prometeu transmitir para toda a nação pela TV, Bush e a primeira-dama, Laura Bush, conhecerão a maior atração turística da China, a Grande Muralha, e depois voltarão para os Estados Unidos.

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