Bush entrega a sucessor plano contra possíveis crises

Objetivo é facilitar início da transição em uma época de guerra e ameaças

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Por Peter Baker
Atualização:

A equipe do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, preparou mais de dez planos de contingência para orientar o presidente eleito Barack Obama em caso de surgimento de uma crise internacional nos primeiros dias de seu governo. Com o objetivo de facilitar a primeira transição desde o 11 de Setembro, os estudos prevêem acontecimentos repentinos como uma detonação nuclear da Coréia do Norte, um ciberataque aos computadores americanos, ou um atentado terrorista contra instalações americanas no exterior. Bush e Obama comprometeram-se a colaborar para garantir uma transição eficiente em uma época de guerras e ameaças terroristas. A comissão que investigou os ataques do 11 de Setembro, avaliando os problemas ocorridos durante a transição do presidente Bill Clinton para Bush, exigiu que o próximo processo fosse mais eficiente "por causa do risco de haver um ataque catastrófico praticamente sem nenhum prenúncio". Além dos planos de contingência, a equipe de Bush deu treinamentos para possíveis crises a 100 funcionários de carreira. O governo atual também convidou integrantes das equipes de Obama a observar alguns dos exercícios básicos das agências de segurança. Autoridades da agência de contraterrorismo estão preparando sessões de informação para seus colegas que ainda não assumiram a respeito do que consideram as principais ameaças. A equipe de Bush elaborou ainda outros 30 memorandos com medidas de longo prazo, destacando várias questões prementes com as quais a nova equipe se defrontará. Segundo a Casa Branca, a intenção da enorme quantidade de memorandos e informações é ajudar o próximo governo, e não uma tentativa de ensiná-lo a governar. "É um esforço de boa-fé para fornecer informações referentes a alguns dos pontos mais críticos do planeta e algumas idéias sobre o que se pode fazer", disse Gordon Johndroe, porta-voz da Casa Branca. Segundo ele, os planos de contingência fornecerão ao novo presidente uma variedade de respostas a certas situações, mas não um curso de ação específico. "Trata-se de uma lista de possíveis opções. Não é exaustiva, não é exclusiva e não é prescritiva", afirmou Johndroe. Bush disse na terça-feira que uma das prioridades de seus últimos dias no cargo será ajudar Obama a preparar-se para governar. "Queremos que ele tenha pleno êxito, queremos que a transição funcione", afirmou. O escritório de Obama não quis comentar o assunto, mas outros democratas que trabalham na transição disseram apreciar os esforços da equipe de Bush. "Isto não absolve o governo Bush de alguns erros de julgamento, mas é a coisa certa a se fazer", disse um democrata ligado à equipe de transição que não quis ser identificado. A preocupação com a segurança nacional neste período pós-eleitoral decorre em parte do reconhecimento de que os terroristas já atacaram em momentos de troca da guarda. O primeiro ataque ao World Trade Center, em 1993, ocorreu poucas semanas depois da posse de Bill Clinton. Uma série de atentados a bomba em 2004 contra trens metropolitanos em Madri ocorreu três dias antes das eleições parlamentares. E o ataque ao aeroporto de Glasgow, em 2007, ocorreu dias depois da posse do primeiro-ministro Gordon Brown, na Grã-Bretanha. Nos EUA, o Departamento de Segurança Interna declarou que as eleições presidenciais e a transição constituem um período de grande ameaça. Com a autoridade conferida pela legislação sancionada por Bush em 2004, o governo processou informações relevantes para a segurança sobre os funcionários da transição de Obama mais cedo do que em qualquer outra ocasião. Obama, por sua vez, nomeou seus principais colaboradores mais depressa do que qualquer outro presidente eleito.

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