Bush manifesta apoio a secretário de Justiça ameaçado

Sob rumores de que Alberto Gonzales está prestes a deixar o cargo, presidente conversa sobre turbulência política desencadeada pela demissão de promotores

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, enviou nesta terça-feira uma mensagem de apoio incondicional a seu secretário de Justiça, Alberto Gonzalez, em meio a rumores de que ele estaria prestes a cair. A Casa Branca negou nesta terça-feira, 20, as versões segundo às quais o governo americano estaria em busca de um substituto para Gonzalez. "Esses rumores são inverídicos", disse Dana Perino, subsecretária de Imprensa da Casa Branca. Bush telefonou para González nesta terça, disse Perino. Eles conversaram longamente sobre a turbulência política desencadeada pela recente demissão de oito procuradores federais. "O presidente reafirmou seu apoio irrestrito ao secretário de Justiça", disse Perino. O problema para Bush é que no Congresso o apoio a Gonzales está em declínio. A Câmara dos Representantes e o Senado devem enviar intimações para ouvir o assessor de Bush, Karl Rove, a conselheira da Casa Branca Harriet Miers, entre outros. O sucessor de Miers, Fred Fielding, deve conversar ainda nesta terça com a Comissão Judiciária para saber se Bush permitirá que os funcionários testemunhem. E mesmo entre os republicanos o apoio a Gonzales não é unânime. Nenhum dos dois principais republicanos no Senado expressaram apoio explícito a Gonzales, contudo, também não exigiram sua saída. O senador Arlen Specter disse que não dará sua opinião sobre o caso até que ele esteja encerrado. Já o senador Orrin Hatch preferiu não dar entrevistas, segundo seu porta-voz. O Congresso investiga mais de 3 mil páginas de e-mails e outros documentos relacionados com as demissões dos procuradores. Alguns dos documentos chegam a minimizar que as demissões dos oito dos procuradores não levantariam investigações. Crise O debate gira em torno da demissão de oito procuradores federais, que, segundo os democratas, aconteceu por motivos políticos. De acordo com alguns dos demitidos, legisladores republicanos vinham pressionando para que eles apressassem investigações sobre a suposta participação de democratas na realização de votações fraudulentas. Nomeados pelo presidente por períodos de quatro anos, os procuradores podem ser demitidos a qualquer momento, como em qualquer outro emprego. Segundo Gonzales, as últimas demissões aconteceram como resultado de baixos rendimentos entre os procuradores. Na época das demissões, o secretário negou que a Casa Branca tivesse pedido a cabeça dos procuradores. Segundo Gonzales, a decisão teria ficado a cargo somente do Departamento de Justiça. Porém, vários e-mails entre o departamento e a Casa Branca divulgados recentemente contradizem essa versão. Isso fez com que Gonzales pedisse desculpas publicamente pelas omissões e mentiras no tratamento do caso. Vários democratas e alguns republicanos, incluindo o senador John Sununu, de New Hampshire, pediram a renúncia de Gonzales, sob o argumento de que este perdeu a confiança do Congresso e do país. Uma pesquisa indicou que Gonzales tem pouco apoio entre os cidadãos: menos de 32% dos entrevistados acreditam que deveria permanecer no cargo, enquanto 35% pedem sua saída. Além disso, 58% dos entrevistados consideram que a demissão dos procuradores diz respeito a motivos políticos.

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