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Bush mantém ofensiva verbal na guerra contra o terror

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente George W. Bush e sua administração mantiveram hoje a ofensiva verbal da guerra ao terrorismo, que iniciaram na segunda-feira, com o anúncio da prisão do americano José Padilla, também conhecido pelo nome islâmico Abdullah al Muhajir, sob a acusação de envolvimento nos preparativos de um novo ato terrorista espetacular contra os Estados Unidos, a mando da rede terrorista Al Qaeda, liderada pelo renegado saudita Osama bin Laden. Bush disse que os agentes da Al Qaeda "continuam à espreita" e podem desfechar um ataque com armas biológicas contra os EUA, e assinou uma lei autorizando a ampliação dos estoques de drogas para proteger a população contra esse tipo de atentado. Em Nova Delhi, o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, ampliou o raio potencial de ação da Al Qaeda, identificando a organização com um possível agente provocador dos incidentes que puseram a Índia e o Paquistão em pé-de-guerra. "Vi algumas indicações de que, de fato, há elementos da Al Qaeda operando na área próxima à Linha de Controle (que divide o território da Caxemira , disputado por indianos e paquistaneses)", afirmou Rumsfeld. Em visita à Suíça, o secretário da Justiça, John Ashcroft, afirmou que a troca de informações e a cooperação internacional é a melhor forma para vencer a Al Qaeda. Mas, em lugar de provocar reações positivas, a declaração de Ashcroft suscitou comentários críticos de diplomatas europeus pela fato de Washington ter deixado os governos aliados praticamente no escuro durante o período de mais de um mês que decorreu entre a prisão de Padilla, no dia 8 de maio, no aeroporto de Chicago (procedente de um vôo de Zurique) e o anúncio, feito por Aschcroft em Moscou, da decisão da administração Bush de declará-lo um "combatente inimigo" e transferi-lo para uma prisão militar, em Charleston, Carolina do Sul. Embora alguns serviços de inteligência europeus tenha informado que possuíam alguns indícios sobre a prisão de Padilla, funcionários dos gabinetes de vários primeiros-ministros e chanceleres europeus deixaram clara sua frustração. "A primeira vez que ouvimos falar (sobre Padilla) foi na CNN", disse à agência Reuters um diplomata europeu não identificado. "Estávamos completamente no escuro". "Não sabíamos de nada", disse um alto funcionário da área de contra-terrorismo. "Mas não posso garantir que alguém em nosso serviço de inteligência não tenha sido informado: eles não nos contam muito". Mesmo em Washington, fontes do governo e comentaristas conservadores levantaram dúvidas sobre - não as suspeitas que recaem sobre Padilla - a maneira como o anúncio foi feito. De acordo com o jornalista republicano Robert Novak, que representa a opinião da direita num par de programas de pugilismo político de que participa, na CNN, a decisão de Ashcroft de divulgar a notícia da prisão de Padilla desde Moscou e a acusação de que ele estaria prestes a fazer explodir uma bomba radiativa suja em Washington foi, em tom e conteúdo, muito mais forte do que outras áreas do governo familiarizadas com o assunto estavam esperando. De fato, desde o anúncio de Ashcroft, vários altos membros da administração empenharam-se em dar uma dimensão mais exata à ameaça representada por Padilla. Depois de sucessivas declarações oficiais calculadas para não alarmar os americanos além do necessário e ajustar a história a seu devido tamanho, estava claro que a bomba suja de Padilla eram um projeto ainda na fase inicial de planejamento e uma entre as alternativas de ataques possíveis da Al Qaeda contra os EUA. Estas incluiriam também explosões de bombas convencionais em hotéis e postos de gasolina.

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