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Bush não convence Zemin a cessar venda de mísseis

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente George W. Bush, que termina sua viagem à Ásia nesta sexta-feira, foi homenageado com uma serenata pelo presidente da China, Jiang Zemin, nesta quinta-feira, em Pequim. O líder chinês brindou seu ilustre hóspede cantando "Sole Mio", em italiano, e dançou com a primeira-dama, Laura Bush, e com a Conselheira de Segurança da Casa Branca, Condoleeza Rice, durante o jantar de gala que ofereceu aos visitantes no Grande Salão do Povo. Mas, apesar dessas calorosas manifestações de amizade, assessores do líder norte-americano admitiram nesta quinta-feira que ele não alcançou seu objetivo mais importante em Pequim: convencer seu anfitrião a cessar as vendas de mísseis e tecnologia nuclear a Irã, Coréia do Norte, Paquistão, Líbia e outras nações. O Irã e a Coréia do Norte formam, com o Iraque, o que Bush chama de "o eixo do mal". O Paquistão, que foi o esteio do regime do Taleban no Afeganistão, mas tornou-se aliado dos EUA depois dos ataques terroristas de 11 de setembro, está entre os principais compradores de mísseis, tanto da China como da Coréia do Norte. "As conversações estão melhorando um pouco, mas levarão um tempo", afirmou Rice, sobre os esforços de Bush para persuadir Zemin a honrar um compromisso que, segundo ela, os chineses assumiram no final do ano 2000, para limitar a proliferação de armas. O líder chinês, que já havia criticado a linguagem dura de Bush sobre o "eixo do mal", reiterou sua posição nesta quinta-feira na entrevista coletiva que concedeu com Bush. Perguntado sobre a posição de seu governo sobre a ameaça dos EUA de expandir a guerra ao regime de Saddam Hussein, Zemin disse que, no que diz respeito ao Iraque, "o importante é a paz". Os dois líderes tampouco aproximaram a linguagem na questão dos direitos humanos. Embora seja um tópico menos prevalecente nas relações sino-americanas do que já o foram no passado, Bush falou sobre sua preocupação com a perseguição religiosa na China. "Cabe ao povo chinês decidir o futuro da China, mas nenhuma nação está isenta das demandas dos direitos humanos", afirmou o presidente dos EUA. "Todos os povos do mundo, incluindo o da China, deveriam ser livres para escolher como viver, como orar e como trabalhar." Com algum exagero, Zemin respondeu que a China sempre protegeu a liberdade religiosa na sua Constituição. Ele revelou que, embora não tenha crença religiosa, leu a Bília, o Corão e as escrituras budistas. Mas acrescentou que os clérigos católicos e de outras religiões que estão presos não são acusados de professar uma religião, mas sim de ter violado as leis do país. As conversas entre os dois presidentes sobre Taiwan não parecem ter sido particularmente produtivas, a julgar pelo pouco que Bush e Zemin dedicaram ao assunto durante a entrevista. Numa nota mais positiva, o líder norte-americano amainou o tom dos ataques que fez contra a Coréia do Norte antes e durante a escala anterior de sua viagem, na Coréia do Sul. Bush disse que seu governo está pronto a reatar os contatos com os norte-coreanos e revelou que pediu a Zemin que transmitisse essa mensagem ao presidente Kim Jong Il, em Pyongyang. Antes de iniciar a viagem de regresso a Washington, Bush faria um discurso aos estudantes da Universidade de Tsginghua sobre as virtudes da sociedade norte-americana e visitaria a Muralha da China.

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