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Bush não recua e pressiona a ONU contra o Iraque

Segundo assessora, as manifestações do fim de semana não perturbaram a determinação de Bush de não dar mais prazo a Saddam, como quer a França

Por Agencia Estado
Atualização:

A assessora de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, advertiu hoje neste domingo a Organização das Nações Unidas (ONU) de que não deve ser dado mais tempo ao Iraque para se desarmar. Segundo ela, o Conselho de Segurança (CS) está dando a impressão de que não é capaz de reagir, de adotar uma decisão. "Infelizmente, estão retirando a pressão sobre Saddam", insistiu ela em entrevista ao programa Meet the Press, da rede de televisão NBC, enquanto uma fonte diplomática de Londres assegurava que tanto Estados Unidos quanto Grã-Bretanha decidiram dar mais tempo para a diplomacia. "Isso significa pelo menos mais duas semanas de espera", acrescentou o informante, ressaltando que será preciso definir uma "data limite" para o processo de inspeções da ONU. "Sem um prazo, claramente delimitado, não haverá nenhum resultado", disse. Ainda segundo a fonte, a decisão dos governos dos dois países, amplamente favoráveis à solução militar, está relacionada com a forte oposição à guerra existente entre membros importantes do CS da ONU e às maciças manifestações pacifistas do fim de semana que reuniram mais de 6 milhões de pessoas em todo o mundo. Apontadas como a maior onda mundial de protesto desde a Guerra do Vietnã, as marchas do fim de semana acabaram sendo mais intensas na Grã-Bretanha, Espanha e Itália, países cujos governos são solidários ao presidente norte-americano, George W. Bush, que defende um ataque militar imediato para desarmar o Iraque e derrubar o regime de Saddam Hussein. Em Nova York, onde mais de 100.000 pessoas protestaram contra a guerra, a polícia local revelou hoje ter detido 257 manifestantes. A maioria foi presa por suposta conduta desordeira e outras infrações menores, informou a polícia novaiorquina. Mas Rice, a assessora de segurança nacional da Casa Branca, assegurou que as manifestações de protesto não alteram a decisão firme do presidente Bush de desarmar Saddam. Comentando os protestos, o jornal iraquiano Babel - de propriedade de Uday, filho mais velho do ditador iraquiano -afirmou em editorial que os Estados Unidos haviam sofrido uma grande derrota. "Os relatórios dos inspetores de armas da ONU ao Conselho de Segurança e as subseqüentes manifestações mundiais contrárias à guerra assestaram um duro golpe nos Estados Unidos que eles jamais esquecerão", comentou o diário de Bagdá. Hoje, a França reafirmou sua oposição à guerra. A meta francesa é saber se não será mais legítimo agir pelas inspeções que progridem ou pela guerra como desejam alguns países, esclareceu hoje o chanceler Dominique de Villepin, em entrevista ao programa Grand Jury, da tevisão francesa. "Isso não quer dizer que a França exclua a hipótese da guerra", disse o ministro, "mas continuamos achando que o recurso à força deve ser a última alternativa". O chanceler reafirmou a posição francesa, exposta na última sexta-feira no Conselho de Segurança, e se referiu também à deterioração das relações com os EUA. Lembrou que seu país tem uma visão diferente da dos norte-americanos sobre alguns problemas do mundo, mas a preocupação dos dois grupos de países parceiros e aliados é a mesma. Quanto aos prazos, as posições continuam distantes, pois enquanto os EUA e a Grã Bretanha falam em mais algumas semanas, a França prefere falar em alguns meses. Em Viena, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed el-Baradei, comentou que as potências mundiais que hoje são contrárias à guerra poderiam mudar de posição e apoiar os EUA caso Bagdá não consiga provar que se desfez de todas as suas armas de destruição em massa.

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