Bush pede a democratas para "unirem forças"

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Por Agencia Estado
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Sentado frente a frente pela primeira vez com líderes da oposição democrata, o presidente americano, George W. Bush, conclamou hoje todos os legisladores do Congresso a "unir forças e atuar positivamente", apesar dos temores de possíveis impasses e ressentimentos causados pela mais disputada eleição presidencial dos EUA em pelo menos um século. Na véspera, Bush dirigira um discurso a um grupo de congressistas republicanos e democratas, durante uma cerimônia na Casa Branca, para pedir empenho na aprovação da reforma educacional que apresentou ao Legislativo. "A expectativa é a de que não conseguiremos alcançar uma cooperação benéfica aos americanos", disse Bush, numa declaração a jornalistas depois do encontro com os democratas hoje. "Nossa missão é superar essa expectativa." As principais divergências entre Bush e os líderes democratas nestes primeiros dias de mandato têm-se revelado na fórmula pela qual o presidente pretende reformar o ensino público - concedendo bolsas, no lugar das vagas gratuitas, para estudantes carentes - e na proposta de aproveitar o formidável superávit fiscal herdado dos oito anos da administração de Bill Clinton para promover um vasto programa de redução de impostos. Numa demonstração de que as diferenças entre os membros dos dois partidos ainda são muitas, os democratas da Comissão de Justiça do Senado adiaram a ratificação da nomeação de John Ashcroft - acusado de defender posições racistas - como ministro da Justiça. Durante o encontro com os jornalistas, Bush não esclareceu se estava disposto a abrir mão dessas propostas em nome de uma relação menos conflitiva com a oposição democrata. Os líderes democratas que participaram do encontro consideram possível obter acordos no que diz respeito à reforma educacional - com exceção da proposta de substituir a gratuidade da escola pública pela concessão de bolsas -, mas não aceitarão sob nenhuma hipótese a planejada redução de US$ 1,6 bilhão nos próximos 10 anos. "Em certo sentido, somos a única força que se interpõe entre o que os republicanos propõem e aquilo que será promulgado como lei", disse o líder da bancada democrata no Senado, Tom Daschle. "Temos de usar nosso mandato com responsabilidade e prudência, reconhecendo nosso novo papel e atuando do modo mais construtivo possível." Além de Daschle, também participou da reunião de hoje o líder democrata na Câmara dos Representantes, Richard Gephardt. Pouco depois do encontro com os oposicionistas, Bush voltou a defender seu projeto de redução de impostos advertindo para a "crescente evidência" de que a economia americana começa a mostrar sinais não tão promissores como se poderia esperar. "Acredito que surgirão evidências cada vez mais claras de que a situação da economia americana não é tão prometedora quanto desejaríamos, e eu espero que isso fortaleça nossa proposta de reduzir os impostos", disse Bush. Consultado sobre o risco de o presidente americano estar preconizando o mau estado da economia do país, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que Bush "não estava falando mal, mas falando com precisão" sobre as finanças dos EUA. Fleischer destacou que vários indicadores econômicos mostravam uma desaceleração do crescimento da economia - tendência que poderia ser revertida com a redução impositiva.

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