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Bush pede moderação a Pequim

Presidente dos EUA mostra-se preocupado com choques no Tibete e sugere que China dialogue com dalai-lama

Por AFP e AP E REUTERS
Atualização:

O presidente dos EUA, George W. Bush, telefonou ontem para o líder chinês, Hu Jintao, para expressar sua preocupação sobre a repressão às recentes manifestações no Tibete, informou ontem a Casa Blanca. Bush instou o presidente chinês a dialogar com o líder dos tibetanos no exílio, o dalai-lama, e pediu que a China permita o acesso de diplomatas e jornalistas à região. Na sexta-feira, a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, havia viajado à Índia para prestar seu apoio ao dalai-lama. Em um sinal de alguma flexibilidade, o governo chinês organizou uma comitiva monitorada com jornalistas estrangeiros de 19 meios de comunicação para viajar para Lhasa. Foi o primeiro grupo de repórteres autorizado a entrar na capital tibetana após o início dos confrontos. Durante o tour, cerca de 30 monges driblaram a segurança e gritaram para os jornalistas que "o Tibete não é livre". Os monges também negaram acusação chinesa de que o culpado pela violência seria o dalai-lama. Os protestos no Tibete, organizados por monges budistas, tiveram início no dia 10 para marcar o 49º aniversário do fracassado levante de tibetanos contra o domínio chinês, em 1959, que levou o dalai-lama ao exílio na Índia. Há 13 dias, Lhasa foi palco da mais violenta manifestação contra a presença chinesa na região desde 1989, quando a lei marcial vigorou no Tibete por 13 meses. Ontem, o presidente do Parlamento tibetano no exílio, Karma Chophel, anunciou que o número de mortos nas manifestações chega a 135. Segundo ele, outras 1.000 pessoas estariam feridas e 400, presas. "Acreditamos que esses números também podem ser dez vezes maiores", disse Chopel, em uma entrevista no Parlamento Europeu, em Bruxelas, referindo-se à dificuldade para conseguir informações sobre os conflitos em território tibetano. "Estamos tentando despertar a consciência da comunidade internacional sobre o que está acontecendo", completou. Os dados do governo tibetano no exílio são contestados pela China. De acordo com Pequim, morreram 18 civis e um policial nos choques dos últimos dias e, ontem, mais de 660 manifestantes "entregaram-se" para a polícia. No centro de Lhasa, panfletos com fotografias dos tibetanos "mais procurados" foram distribuídas para a população. As penas dos que são presos podem variar de 10 anos de prisão à pena de morte, segundo autoridades chinesas. BOICOTE Durante a conversa com Hu, Bush também teria confirmado que os EUA não pretendem boicotar os Jogos Olímpicos, que começarão no dia 8 de agosto. Em visita à Grã-Bretanha, o presidente francês, Nicolás Sarkozy, disse que não descarta a possibilidade de boicote à cerimônia de abertura. No caso, o argumento da Casa Branca é que a Olimpíada é um evento esportivo, que tem como centro atletas e modalidades esportivas - e não assuntos políticos. O presidente americano falou ainda sobre ao programa nuclear da Coréia do Norte, a situação política de Mianmar e a eleição do presidente taiwanês, Ma Ying-jeou, que prometeu reduzir as tensões e expandir o comércio com a China. Para Bush, sua ascensão ao poder marca "uma chance para os dois lados resolverem suas diferenças de forma pacífica". Taiwan é um território autônomo considerado pela China uma província rebelde.

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