Bush pede que iraquianos não queimem poços de petróleo

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Por Agencia Estado
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O presidente George W. Bush decidiu que o tempo para a diplomacia no Iraque terminou e deu na noite desta segunda-feira, pela TV, um ultimato ao presidente iraquiano, Saddam Hussein, para deixar o país com sua família em 48 horas. O prazo vence às 22h (de Brasília) da quarta-feira. Em seu discurso, ele advertiu as forças iraquianas a não oporem resistência às tropas americanas, não destruir os campos petrolíferos e não usar armas de destruição em massa, acrescentando: "Não tentem lutar por um regime moribundo". Bush tomou a decisão de dar por fechada a porta da diplomacia e ir à guerra para derrubar Saddam e desarmar o Iraque depois de uma reunião, pela manhã, com os ministros que integram seu Conselho de Segurança Nacional e com diretores dos serviços de segurança. Ele discursou depois que os EUA não conseguiram apoio suficiente no Conselho de Segurança da ONU para uma nova resolução que desse sinal verde para o ataque. "O Conselho de Segurança da ONU não esteve à altura de suas responsabilidades, então nós estaremos à altura das nossas", afirmou o presidente. A decisão de ir à guerra - que pode começar já na quarta-feira à noite - é uma enorme e arriscada aposta do líder americano, que definirá os rumos de sua presidência e afetará as relações internacionais durante anos. A possibilidade de Saddam renunciar e exilar-se é quase nula. O ministro de Assuntos Exteriores iraquiano, Naji Sabri, rejeitou prontamente o ultimato de Bush, que havia sido antecipado pelo secretário de Estado, Colin Powell. "A única opção é a renúncia do agressor número 1, o fracassado presidente Bush, que fez de seu país uma brincadeira", disse Sabri. Bush deverá fazer um segundo pronunciamento ao país nesta semana, tão logo ordene o ataque aos mais de 250 mil soldados americanos e britânicos prontos para entrar em ação no Golfo e deflagre a primeira guerra na história dos EUA iniciada sem que o país tivesse sido diretamente provocado. Nesta segunda-feira de manhã, depois de uma noite de consultas infrutíferas com os países membros do Conselho de Segurança da ONU, EUA, Grã-Bretanha e Espanha retiraram o projeto de resolução que haviam apresentado na semana retrasada, dando prazo até esta segunda para o regime de Bagdá submeter-se aos termos da Resolução 1.441. Aprovada por unanimidade no dia 8 de novembro, essa resolução ordenou o desarmamento incondicional e imediato do Iraque. O secretário de Estado disse que, diante da "certeza do veto da França e talvez de outros", não havia mais razão para insistir na via diplomática e era chegada a hora de o Iraque enfrentar as "sérias conseqüências" previstas na Resolução 1.441. "Todo mundo reconheceu que a resolução não teria êxito porque havia um país, a França, que indicou que a vetaria sob quaisquer circunstâncias", disse ele. Powell deixou claro que nem mesmo a saída voluntária de Saddam Hussein evitará a invasão do Iraque. A aceitação dessa condição, que não consta da Resolução 1.441, permitirá uma "entrada pacífica de forças" no país, em lugar de uma guerra aberta, explicou o secretário de Estado. O governo dos EUA avisou nesta segunda às Nações Unidas que elas devem retirar os 56 inspetores que ainda estavam no Iraque. Pouco depois, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, ordenou a retirada de todos os funcionários da organização no país. Funcionários americanos comunicaram também aos órgãos da imprensa dos EUA e do restante do mundo, bem como a organizações humanitárias, que devem deixar o país, advertindo que antes e durante a Guerra do Golfo Saddam Hussein manteve estrangeiros no Iraque como reféns. Respondendo à opinião internacional expressa pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov, segundo a qual as atuais resoluções do Conselho de Segurança não dão "nenhum direito legal" para o lançamento de um ataque contra o Iraque, Powell afirmou que quaisquer ações levadas a cabo para impor a Resolução 1.441 seriam justificadas sob as resoluções em vigor sobre o país, incluindo a própria 1.441 e as de número 687 e a 678, que estabeleceram os termos da rendição incondicional do Iraque após sua derrota na Guerra do Golfo, em 1991. Saddam Hussein, em discurso aos iraquianos, disse que o Iraque "já teve, mas não tem mais" armas de destruição em massa.

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