Bush pode nomear novo enviado para a América Latina

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A briga pelo comando da diplomacia dos EUA para a América Latina esquentou nos últimos dias, com a possível nomeação do ex-secretário de Estado adjunto para assuntos hemisféricos, o cubano-americano Otto Reich, para uma nova posição de enviado especial do presidente George W. Bush para a região. Mas Reich não teria o mesmo status de Thomas "Mac" McLarty, amigo pessoal do ex-presidente Bill Clinton, que ocupou posição semelhante na administração passada, com livre acesso ao Salão Oval. Segundo informação publicada hoje pelo Miami Herald, mas que não foi confirmada pelo Departamento de Estado nem pela Casa Branca, Reich se reportaria à conselheira de segurança da presidência (CSN), Condolezza Rice. Reich, cuja força política deriva do lobby anticastrista de Miami, teve que abandonar a posição de secretário de Estado adjunto no final da última sessão legislativa, em novembro, porque não obteve a confirmação do Senado, e acabou sendo nomeado durante um recesso parlamentar. Ele passou a ocupar, então, um posto especialmente criado de enviado especial do secretário de Estado Colin Powell para a região. Mas Powell pôs Reich na geladeira. Não incluiu seu enviado especial na viagem que fez à Colômbia, nem no encontro de Lula com o presidente George Bush, no mês passado. O novo presidente da Comissão de Relações Exteriores, o republicano moderado Richard Lugar, aconselhou a Casa Branca a não reapresentar a nomeação de Reich, indicando que ele não teria apoio bipartidário para ser confirmado. A posição de enviado presidencial para a América Latina colocaria Reich, funcionalmente, em pé de igualdade com o assessor sênior do CSN para a América Latina, embaixador de carreira John Maisto, que fez parte da delegação oficial dos Estados Unidos à posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também de acordo com a notícia não confirmada do Herald, o atual embaixador americano na Organização dos Estados Americanos, Roger Noriega, seria nomeado para o posto de secretário de Estado adjunto. Noriega, que é de origem mexicana, foi assessor parlamentar do ex-senador Jesse Helms, um veterano ultraconservador da Carolina do Norte que se despediu da política na semana passada. Noriega é politicamente próximo de Reich e a presença de ambos em postos de influência na administração fatalmente suscitará dúvidas quanto à manutenção da postura não-ideológica que Washington adotou recentemente em relação à região, ilustrada pelo tratamento que vem sendo dado ao novo presidente do Brasil.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.