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Bush quer que Índia separe programas nucleares civil e militar

Em visita programada para próxima semana, presidente americano assinará acordo de cooperação nuclear com país asiático

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou nesta quarta-feira que a Índia deve separar seus programas nucleares civil e militar, em alusão ao principal empecilho para um pacto de cooperação nuclear que será tema de sua visita ao país. Bush fez um discurso para membros da Sociedade Asiático-Americana em Washington, nesta quarta-feira, revisando os assuntos principais de sua viagem à Índia e ao Paquistão, prevista para a próxima semana. O grande destaque dessa viagem será o pacto de cooperação nuclear que a Casa Branca e o governo indiano devem firmar durante a visita do presidente. O acordo simboliza a importância de suas relações e, aos olhos dos EUA, permite estabelecer um contrapeso à crescente influência da China no continente. Os dois países assinaram um acordo em junho passado que permite o acesso da Índia à tecnologia nuclear estrangeira. O país, de um bilhão de habitantes e cuja economia cresceu 8% em 2005, necessita desenvolver tecnologia nuclear para satisfazer suas crescentes demandas de energia. Entretanto, uma série de desacordos sobre a separação dos programas civil e nuclear e o acesso da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) às instalações civis impediram que o pacto tomasse contornos definitivos em relação aos EUA. Os governos americano e indiano empreenderam negociações de última hora para tentar fechar o acordo antes da chegada de Bush. O "número três" do Departamento de Estado e seu diretor de Assuntos Políticos, Nicholas Burns, chegou hoje a Nova Délhi para desenvolver novas conversas. O acordo inicial entre os dois países ainda não conta com o sinal verde do Congresso americano e alguns legisladores temem que abra um precedente para a transferência de tecnologia nuclear a entidades contrárias aos interesses dos EUA. A Índia responde que em suas cinco décadas como potência nuclear não protagonizou "um caso sequer de proliferação", segundo declarou na terça-feira seu embaixador em Washington, Ronen Sen. Sen se disse otimista quanto à possibilidade de fechar um acordo sobre o tema, embora tenha ressaltado que será necessário um trabalho árduo por parte de representantes dos dois países. Além do acordo nuclear, durante sua estadia na Índia Bush também abordará, em encontro com o primeiro-ministro Manmohan Singh e o presidente Abdul Kalam, questões econômicas e comerciais, a luta contra o terrorismo e a aids e a gripe aviária. O presidente pediu às autoridades indianas maiores reformas para a promoção da abertura de seus mercados e contra o protecionismo que imperou em décadas passadas. Solicitou ainda auxílio para garantir o êxito da rodada de Doha. A segunda etapa de sua viagem será no Paquistão, onde o presidente americano analisará com seu homólogo Pervez Musharraf questões relacionadas à luta contra o terrorismo e também tratarão sobre questões econômicas e comerciais e a situação no Paquistão após o terremoto de 2005.

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