Bush reforça pressão sobre regime cubano

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Por Agencia Estado
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Quatro dias antes de ter de tomar uma decisão sobre uma controvertida lei relativa a Cuba, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, anunciaria nesta sexta-feira medidas para manter a pressão sobre o governo da ilha, cumprindo uma promessa formulada a grupos de exilados cubanos que visitaram a Casa Branca em maio. Altos funcionários disseram que Bush iria aumentar os esforços técnicos para superar as interferências das autoridades cubanas nas transmissões da Rádio e Televisão Martí, emissoras com sede em Miami que transmitem para a ilha programação contra o regime comunista. Ele também vai manter o compromisso de aplicar estritamente o embargo econômico em vigor há 40 anos contra Cuba - apesar de pressão contrária de empresários norte-americanos - e ampliar o apoio aos dissidentes na ilha. Nenhuma iniciativa para levantar o embargo será tomada enquanto não houver eleições livres e não forem restabelecidas as liberdades políticas e o respeito aos direitos humanos, segundo fontes na Casa Branca. Além disso, nesta sexta-feira Bush nomeou subsecretário de Assuntos do Hemisfério Ocidental Otto J. Reich, conhecido por seus vínculos com os anticastristas linhas-duras. Seu nome terá de ser aprovado pelo Senado, onde há forte reação à sua indicação no Partido Democrata e em setores do partido de Bush, o Republicano. Analistas políticos em Washington avaliam que as medidas têm por objetivo agradar à comunidade cubana para reduzir o impacto adverso que terá a manutenção da suspensão do Artigo 3º da Lei Helms-Burton, sobre o qual ele terá decidir na terça-feira. Essa lei, de 1996, endureceu as sanções contra Cuba e afeta também empresas e cidadãos estrangeiros com negócios no país. Mas, diante da reação da União Européia (UE) e do Canadá - países com investimentos na ilha -, os EUA suspenderam a aplicação do Artigo 3º, o qual permite aos norte-americanos cujos bens foram confiscados depois da Revolução Cubana, em 1959, apresentar ações nos Estados Unidos contra quem utilizar seus bens. A cada seis meses o governo tem de dar um parecer, mantendo o congelamento do Artigo 3º ou acatando sua aplicação. O ex-presidente Bill Clinton sempre renovou a suspensão. Bush terá de decidir ainda sobre a suspensão do Artigo 4º da lei Helms-Burton, o qual proíbe a concessão de vistos de entrada no país aos sócios - e seus parentes - das empresas que se instalaram em propriedades norte-americanas nacionalizadas. O anúncio das medidas, nesta sexta-feira, coincidiria com a cerimônia programada por líderes anticastristas para marcar o sétimo aniversário da morte de 41 cubanos que tentavam deixar Cuba. Seu barco foi afundado depois de ter sido abordado pela patrulha costeira do país. As autoridades da ilha dizem que se tratou de um acidente, mas os exilados acusam os militares cubanos de terem atacado a embarcação a tiros. Nesta sexta-feira, oito barcos, seguidos por aviões, preparavam-se para partir à noite de Cayo Hueso, na Flórida, com destino ao limite das águas territoriais de Cuba para realizar um protesto.

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