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Bush sinaliza com cautela mudança militar no Iraque

Presidente americano e premier britânico se encontrarão na Casa Branca mas não devem anunciar retirada, apesar de pressões

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, se reunirão na quinta-feira na Casa Branca para conversar sobre a presença militar no Iraque e a situação do Irã. Contudo, os dois líderes não devem anunciar a retirada de tropas, apesar das pressões para que o façam. Tanto Bush quanto Blair são alvos de grandes pressões para que anunciem uma redução das tropas existentes no país, compostas por cerca de 132.000 soldados americanos e 8.000 britânicos. As pressões aumentaram desde o último sábado, quando o novo governo de união nacional iraquiano tomou posse, sob a liderança do primeiro-ministro Nouri al Maliki. O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, disse nesta quarta-feira que a formação do novo governo iraquiano abriu uma oportunidade para que a situação da segurança no país seja reavaliada. Ele ressalvou, no entanto, que ainda é cedo para falar de uma retirada das tropas. Sobre a entrevista coletiva de Bush e de Blair na quinta-feira, Snow descartou a possibilidade de que "o presidente ou o primeiro-ministro digam que vamos sair em um ano, dois ou quatro". "Não acho que vocês irão ouvir um prognóstico específico sobre retirada de tropas", disse Snow aos jornalistas. Os dois líderes se encontram em um momento em que suas respectivas popularidades estão desgastadas, particularmente, pela violência no Iraque. Cautela Bush foi cauteloso ao dizer nesta terça-feira que a posse do novo governo talvez permita uma reavaliação da necessidade da presença das tropas no país. "Um novo capítulo foi iniciado em nossa relação. Em outras palavras, agora podemos fazer uma nova avaliação das necessidades dos iraquianos" em relação à presença de tropas estrangeiras, declarou Bush em entrevista coletiva com o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert. Ao ser pressionado sobre como pode esperar que iraquianos controlem a violência no país se a maior potência militar do mundo ainda não conseguiu fazê-lo, Bush sugeriu que a "redução de atentados suicidas que aterrorizam a região será o principal fator para trazer os soldados para a casa". No Iraque Em Bagdá, Al Maliki declarou nesta quarta-feira que as tropas iraquianas estarão em condições de assumirem a segurança do país no final de 2007, mas que por enquanto ainda precisam de mais equipamentos, preparo e recrutas. Blair visitou o Iraque na última segunda-feira, na primeira viagem de um líder estrangeiro ao país árabe desde a posse do novo Governo. Durante a visita, um alto funcionário do Governo britânico disse que as tropas estrangeiras poderiam ficar no Iraque por mais quatro anos. O ministro da Defesa britânico, Des Browne, disse hoje em Londres que o Reino Unido não planeja uma retirada rápida. "Queremos que o Iraque assuma toda a responsabilidade de sua própria segurança. Certamente, desejamos que este momento chegue o mais rápido possível, mas não podemos ir muito rápido se quisermos que os progressos sejam sustentáveis", afirmou. Caso iraniano Além das tropas no Iraque, Bush e Blair devem abordar a situação do programa nuclear iraniano. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - EUA, Rússia, China, França e Reino Unido - e a Alemanha, se reuniram hoje em Londres para tratar do programa. Diplomatas presentes na reunião falaram em "progressos", mas ainda não há um acordo definitivo. Os objetivo destes países é elaborar uma proposta que ofereça incentivos a Teerã em troca do fim de suas ambições nucleares. O jornal The Washington Post publicou nesta quarta-feira que o Irã solicitou negociações diretas com os EUA, mas Washington descartou esta possibilidade enquanto a República Islâmica não renunciar a seu programa atômico. Embora Blair e Bush conversem regularmente por telefone, a visita do primeiro-ministro é a primeira em quase um ano, e no Reino Unido há rumores de que pode ser a última.

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