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Bush terá de encarar nova realidade política no Congresso

Após seis anos governando com forte apoio da maioria republicana no Congresso, Bush terá que lidar com o controle do legislativo na mão dos democratas

Por Agencia Estado
Atualização:

De acordo com o editorial publicado pelo jornal norte-americano The New York Times, a realidade política em que o presidente George W. Bush viveu nos últimos seis anos - na qual ele mandava - acabou nesta terça-feira. Na nova realidade, onde democratas conseguiram mais que as 15 cadeiras necessárias para controlar o Congresso, enquanto aumentam sua participação no Senado, irá demandar ajustes dolorosos no estilo de governar do presidente, que deverá escolher entre um papel de guerreiro partidário, e de um líder mais conciliatório, que procura acordos bipartidários para conseguir implementar suas políticas. A análise do jornal The New York Times afirma que a agenda de Bush também deve mudar. Ele ficará sob intensa pressão para retirar as tropas do Iraque; sua defesa de cortes nos impostos vai se tornar mais difícil, e os planos para recriar os programas sociais do New Deal serão colocados de lado, senão enterrados. Revisão da imigração, um plano de independência de energia e a busca por pactos de livre-comércio são objetivos mais possíveis - se ele conseguir fazer acordos com rivais que outrora ele esmagou. "É um novo dia", disse o ex-senador democrata pela Flórida John Breaux. "Se o presidente quiser implementar alguma coisa, terá de envolver os democratas." segundo análise da Dow Jones, como governador do Texas, Bush trabalhou com uma legislação democrata para melhorar as escolas e simplificar os impostos. Como presidente, foi muito mais fácil usar a maioria republicana leal, no Congresso e no Senado, para esmagar os democratas, criando uma inimizade que poderá assombrá-lo agora. Mas qualquer caminho tem seus riscos. Aliados de Bush dizem que o instinto do presidente é conseguir fazer as coisas, e observam que ele está cercado por assessores políticos pragmáticos, assim como o chefe do gabinete, Joshua Bolten, o diretor do Conselho Econômico Nacional, Allan Hubbard, e o secretário do Tesouro. Henry Paulson. Mas o mais crítico, talvez seja o fato de que os republicanos perderam o controle político em razão da guerra do Iraque, de acordo com pesquisas nacionais. Eleitores que se declaram independentes votaram, em sua grande maioria, para os democratas, mostraram as pesquisas, assim como aqueles que se descrevem como moderados. A senadora Olympia J. Snowe, republicana do Maine que foi reeleita na terça-feira, disse que, com os resultados das eleições, a política de administração do Iraque "tem de mudar". "Absolutamente tem que mudar", disse Olympia, "E a mensagem deveria ter sido entendida pela administração há muito tempo." Quase quatro entre cada dez eleitores disseram que seu voto era contra Bush, aproximadamente o dobro de pessoas que afirmaram que seu voto era para o presidente. Foi uma virada impressionante para um presidente que há dois anos emergiu triunfante de sua campanha para a reeleição, declarando que havia acumulado capital político e pretendia gastá-lo.

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