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Bush viaja à fronteira com o México para falar de imigração

Presidente dos EUA vai apresentar novo plano de reforma em Yuma, no Arizona

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que há cerca de um ano enviou milhares de soldados para aumentar a vigilância na fronteira com o México, interromperá na segunda-feira, 9, suas férias e viajará para Yuma, no Arizona, para apresentar seu plano de reforma da lei de imigração. A Casa Branca não deu detalhes da viagem, que coincide com a retomada das manifestações dos que pedem pela legalização de milhões de imigrantes atualmente ilegais no país. Segundo o Escritório do Censo, há em torno de 12 milhões de imigrantes ilegais nos EUA, mas vários grupos que trabalham com a questão da imigração sustentam que o número poderia chegar a 18 milhões. Na visita, espera-se que Bush inspecione o posto de entrada em frente à cidade mexicana de San Luis, e que esteja acompanhado do senador John Kyl e do deputado Jeff Flake, ambos republicanos do Arizona. Em maio do ano passado, chegaram a Yuma os primeiros destacamentos da Guarda Nacional de outros estados, enviados por Bush para que dêem apoio aos trabalhos da Patrulha de Fronteiras, que vigia quase 3,2 mil quilômetros na região limítrofe. Soldados Os soldados, que cumprem turnos de duas ou três semanas, ajudaram na construção de cercas e na abertura de caminhos paralelos à fronteira para a circulação dos veículos da Patrulha. O contingente militar é de cerca de seis mil soldados. Segundo Michael Friel, porta-voz do Escritório de Alfândegas e Proteção de Fronteiras, os soldados da Guarda Nacional já auxiliaram a Patrulha de Fronteiras em 45 mil detenções e na apreensão de 500 veículos, 77 toneladas de maconha e de 1,3 tonelada de cocaína. "Pudemos mobilizar os recursos da Guarda Nacional para melhorar a segurança na fronteira", disse Friel. Quando, em abril do ano passado, Bush anunciou a mobilização de soldados, também propôs um plano para lidar com a imigração, que incluiu um programa de trabalhadores temporários e sanções para os empregadores que contratassem imigrantes ilegais. O plano de Bush contemplava ainda um processo para que a maioria dos imigrantes ilegais obtivesse, primeiro, a residência legal e, depois, a cidadania. Protestos No ano passado, houve grandes manifestações nas principais cidades dos EUA, compostas de imigrantes legais e ilegais, o que atraiu o apoio de alguns políticos, favoráveis à legalização dos que entraram indevidamente no país. Depois disso, no final do mesmo ano, Bush visitou a região fronteiriça e promulgou, em Paradise Valley, uma lei que aumentou os fundos para a segurança na fronteira. A demonstração de força dos imigrantes, que não conseguiram se unir em um único movimento e deixaram à mostra as divergências táticas de diversas organizações, levou a uma reação mais enérgica dos que acham que os EUA são alvo de uma "invasão" de imigrantes ilegais. No sábado, 7, milhares de pessoas se manifestaram em Los Angeles contra as políticas migratórias da Casa Branca, o que poderia marcar uma reivindicação das manifestações de imigrantes. Muitos dos participantes do ato dançaram ao ritmo de músicas mexicanas e levaram bandeiras americanas, assim como cartazes com mensagens que pediam "Anistia Já". Os ativistas pró-imigrantes dizem que muitos dos imigrantes ilegais da região se sentem traídos por Bush, a quem durante muito tempo tinham considerado um aliado. Visto ´Z´ Uma minuta de reforma migratória da Casa Branca, que vazou à imprensa na semana passada, solicita o estabelecimento de um novo visto "Z", que permitiria que os trabalhadores imigrantes ilegais solicitassem permissões de trabalho por três anos. Os vistos poderiam ser renovados indefinidamente, mas custariam US$ 3,5 a cada vencimento. Para obter uma permissão e se transformar em residentes legais, os imigrantes irregulares teriam que retornar a seus países de origem, solicitar a entrada legal aos EUA em uma embaixada ou consulado americano e pagar uma multa de US$ 10 mil. A proposta é criticada por grupos pró-imigrantes, pelo Partido Democrata, pela Igreja Católica e por sindicatos, que argumentam que os custos das permissões de trabalho e a solicitação de um "greencard" para obter a residência permanente superariam US$ 20 mil, um valor irreal para trabalhadores com salários baixos. O plano é muito mais conservador do que o aprovado no ano passado pelo Senado, e que contava com o aval de Bush. A iniciativa anterior teria permitido que muitos dos 12 milhões de imigrantes ilegais permanecessem nos EUA, onde poderiam trabalhar e solicitar a residência depois de aprender inglês, pagar pequenas multas e colocar seu pagamento de impostos em dia.

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