PUBLICIDADE

Bustani aponta as manobras feitas pelos EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

A saída do embaixador brasileiro José Maurício Bustani da direção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) não ocorreu sem uma série de manobras por parte dos Estados Unidos. Bustani conta que a Micronésia (país no Oceano Pacífico) teria enviado uma carta à Opaq informando que não poderia participar da reunião de hoje, mas que delegaria seu voto aos Estados Unidos. Ele ainda lembra que, outros países como o Kiribati, foram hoje pela primeira vez a uma reunião da Opaq, especialmente para votar contra a sua permanência. Outro caso curioso foi o do Gabão, que poucas horas antes da votação, pagou suas contas em dinheiro na Opaq, o que deu ao país o direito de voto. O brasileiro afirma que, durante os últimos meses, foi ameaçado por um país europeu e que sua família também teria sido vítima de ameaças. "Nunca pensei que a pressão fosse feita dessa forma", disse Bustani. Carta Apesar das acusações contra Washington, o governo dos Estados Unidos se defende. Segundo os norte-americanos, Bustani deu provas de sua falta de transparência na administração da Opaq ao ter oferecido afastar seu vice-diretor, o australiano John Gee, e substitui-lo por um funcionário da "escolha livre" dos Estados Unidos como forma de solucionar a crise. Bustani garante que não tem conhecimento da origem dessa informação, mas o Itamaraty reconheceu que as declarações dos Estados Unidos se basearam em um documento enviado à Casa Branca pelo embaixador brasileiro, Rubens Barbosa, no dia 5 de abril, e que a sugestão teria partido do próprio Bustani. Segundo o porta-voz do Itamaraty, Pedro Luiz Rodrigues, "o Itamaraty operou em conjunto com Bustani". O general Donal Mahley, representante dos Estados Unidos na reunião, chegou a circular o documento, no qual a assinatura (supostamente do embaixador Rubens Barbosa) e as últimas duas linhas estão borradas. Mesmo diante dessas acusações, Bustani garante que sua luta em permanecer no cargo de diretor da Opaq teve sucesso. "Consegui expor os Estados Unidos e mostrar o que são capazes de fazer", concluiu.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.