Caça ´invisível´ é destaque de ofensiva

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Por Agencia Estado
Atualização:

A primeira explosão do ataque inicial da 2ª Guerra do Iraque, na noite de quinta-feira, foi a da detonação de uma bomba de fragmentação de 990 quilos, lançada por um caça de baixa visibilidade F-117A Night Hawk. O alvo, a estação central de comunicações da Inteligência Iraquiana, em Bagdá, foi atingido. O prédio maciço, onde o presidente Saddam Hussein mantém um de seus gabinetes, é uma espécie de fortaleza de aço e concreto especial. Defendido por duas baterias de mísseis antiaéreos e parcialmente subterrâneo, abriga as principais instalações de comando do Iraque. Nesta segunda-feira à tarde ainda continuava funcionando. Em seguida à passagem do avião ´invisível´ da Força Aérea americana, Bagdá sofreu o impacto de 400 armas guiadas por satélite e de 320 mísseis Tomahawak. A base de campanha da Ala Tática de Caças F-117A, em algum ponto não revelado do Oriente Médio, comemorava nesta segunda a marca de 30 missões bem sucedidas contra 80 objetivos iraquianos antes do amanhecer de sexta-feira. Segundo o boletim divulgado no Comando Central dos EUA em Doha, nos Emirados Árabes, "o desenvolvimento da tecnologia das bombas guiadas por sinais de satélite e GPS permitiu uma eficiência de 98%." O comandante da Ala, não identificado por razões de segurança, participou pessoalmente do ataque pilotando um dos F-117A. Os jatos chegaram ao espaço aéreo de Bagdá sem serem detectados pelos radares da defesa aérea iraquiana. Os Night Hawks são pouco visíveis aos radares convencionais por conta ao desenho de ângulos agudos que confunde o retorno da onda de busca. Um revestimento sintético semelhante à pele dos tubarões absorve as emissões e reduz drasticamente a assinatura eletrônica do pequeno jato subsônico. As turbinas são dotadas de defletores de calor e de ruído. Tudo isso torna o F-117A muito instável e virtualmente comandado por uma rede de computadores de bordo, cerca de 135 diferentes processadores e sensores controlados por uma central unificada. Coincidentemente - e talvez intencionalmente - o primeiro bombardeio da 1ª Guerra do Golfo, na madrugada do dia 18 de janeiro de 1991, também foi executado por um Night Hawk armado com duas enormes bombas convencionais de 990 quilos. Há 12 anos, no conflito que obrigou Saddam Hussein a retirar seus exércitos do Kuwait, invadido sete meses antes, o caça invisível realizou 1.270 missões de ataque. As bombas utilizadas em 1991 e nos últimos quatro dias em Bagdá são, a principio, as mesmas. Ganharam ´inteligência´ por meio de um kit que é montado sobre as aletas traseiras e no corpo da arma, como uma capa. O conjunto recebe sinais da rede Navystar de satélites, ´entendendo´ os pulsos emitidos de forma a orientar-se com precisão sobre coordenadas de posicionamento em relação a qualquer ponto da Terra. De certa forma, essas bombas fazem um vôo planado até os alvos. Uma série recente do modelo Pave Way recebeu um pequeno propulsor apenas para correção de curso. Não há informações de que esteja em uso no Iraque. O índice de erro é baixo. Em alguns modos de uso fica limitado a 1,3 metros no máximo. Seletivamente é possível acoplar uma minicâmera de televisão kit. A resolução das imagens digitais permite acompanhar a trajetória até o momento do impacto final. Um vídeo exibido em Doha mostra um armazém de suprimentos militares de teto e paredes reforçados no momento em que uma GBU-31 se aproxima. A linha de descida é corrigida duas vezes. Primeiro em relação à altitude e depois quanto ao ponto de detonação, pouco acima de um dos portões metálicos. Há dois homens usando as fardas escuras da Divisão Saladino diante do prédio. Toda a imagem desaparece em meio ao clarão da explosão. Enquanto os esquadrões frontais americanos comemoravam os bons resultados das incursões aéreas dos primeiros dias da ´operação de choque e pavor´ da coalizão, os planejadores militares procuravam solucionar o mistério da absoluta ausência da aviação iraquiana na luta. De acordo com o analista e ex-piloto dos marines Richard Gordon, "Saddam Hussein investiu bastante dinheiro na modernização do que restou de seus caças depois de 91". O consultor considera "estranho que não os tenha lançado para fazer algum trabalho pontual". Ex-fornecedores de equipamentos militares brasileiros para as Forças Armadas iraquianas sustentam a tese de que Saddam está guardando a ação aérea para o momento em que as tropas americanas e britânicas estiverem em pontos do terreno mais favoráveis às operações de interdição. Isso pode acontecer, por exemplo, no contato com o perímetro externo da capital, a 120 quilômetros de distância de Bagdá. Ou quando houver condições meteorológicas adversas. "Saddam e seus generais aprenderam a usar o tempo e o clima a seu favor", diz um ex-contato técnico da extinta Engesa, fabricante de blindados sobre rodas largamente utilizados pelo Exército iraquiano. A força aérea de Bagdá tem 30 mil soldados e opera 1 Adnan, avião radar de alerta avançado montado sobre um grande Il-76 russo. Mantém 120 aviões de ataque ao solo, jatos Mirage F-1Aç Mig-23 e Sukhoi-2022242527. Tem 180 caças de superioridade aérea F-7C; Mig-212529; Mirage F1E e Sukhoi-27. Há ainda 5 poderosos Mig-25 Foxbat de reconhecimento armado, capazes de voar acima de 3 mil kmhora, 2 grandes quadrimotores para reabastecimento em vôo e 157 aviões de ataque leve ao solo entre os quais 50 turboélices brasileiros Tucano Emb-312, comprados em meados dos anos 80. Serviços ocidentais de inteligência procuram essa frota em países vizinhos. Ou em abrigos subterrâneos. Veja o especial :

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