Cacique do Hamas reaparece e proclama ''vitória'' na Faixa de Gaza

Para Khalil al-Hayya, 1,3 mil mortes em três semanas de bombardeio mostram ?martírio pelo bem divino?

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Por AP , AFP , EFE e REUTERS
Atualização:

Khalil al-Hayya - um dos três líderes sobreviventes do grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza - proclamou ontem a vitória da milícia no conflito com Israel no território palestino. Hayya discursou para mais de 5 mil partidários em Gaza. Foi a primeira aparição pública de um líder do grupo islâmico desde o início da ofensiva israelense, no dia 27. Apesar da destruição causada pelos bombardeios israelenses, Hayya assegurou que o Hamas venceu a guerra e agora está empenhado em uma batalha política. "Agradecemos a Deus quando vemos nossas casas bombardeadas e nossas instituições destruídas, mas nosso povo diz ?sim? à resistência e ?sim? ao martírio pelo bem divino", afirmou Hayya, na frente do prédio do Parlamento palestino, arruinado pelos ataques. "Dizemos com orgulho que Gaza ganhou a guerra, a resistência ganhou a guerra e o Hamas ganhou a guerra." A ofensiva lançada por Israel em dezembro no território palestino deixou pelo menos 1,3 mil mortos (incluindo dois líderes do Hamas, Said Siam e Nizar Arayan) e mais de 5 mil feridos em Gaza. Do lado israelense, 13 pessoas foram mortas: 10 soldados e 3 civis. Hayya ainda pediu que os militantes continuem a luta armada e prometeu reconstruir Gaza. "Peço aos combatentes da resistência que não deixem suas armas e não abandonem suas trincheiras", afirmou o líder palestino. "Eu asseguro ao povo que os líderes que conduziram a batalha da vitória agora estão guiando a batalha da política." Ele também ressaltou que o Hamas não concordará com um cessar-fogo prolongado enquanto Israel não levantar o bloqueio a Gaza, que já dura 18 meses. Na quinta-feira, o líder do braço político do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, disse que a reconciliação é o principal objetivo do Hamas. Hayya ainda reafirmou que o grupo só libertará o soldado israelense Guilad Shalit - capturado em junho de 2006 - quando o governo de Israel libertar presos palestinos. Israel afirmou que não reabrirá as passagens na fronteira com Gaza enquanto o grupo palestino não soltar Shalit. RETOMADA DE BOMBARDEIOS O governo de Israel continuará lançando ataques contra alvos do Hamas e outras organizações palestinas na Faixa de Gaza, informou o jornal Haaretz. De acordo com autoridades israelenses e fontes de inteligência, as hostilidades são necessárias para que o Hamas saiba que os ataques com foguetes contra o sul de Israel não serão ignorados. O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse que espera que a trégua com o grupo palestino seja mantida, mas não descartou a retomada de ataques em Gaza. "Se tivermos de atacar o Hamas de novo, nós o faremos", afirmou Barak. Ontem, o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, George Mitchell, disse que o governo de Barack Obama está comprometido em conseguir um acordo de paz entre israelenses e palestinos. No entanto, ele alertou para possíveis retrocessos nas negociações entre as duas partes. "A trágica violência em Gaza e no sul de Israel é um lembrete da seriedade e dificuldade dos desafios e, infelizmente, retrocessos, que virão", afirmou Mitchell. O enviado americano ainda se reuniu com o líder do Likud, Binyamin "Bibi" Netanyahu, que lidera as pesquisas para a eleição do dia 10. Netanyahu prometeu trabalhar com Mitchell na busca pela paz, segurança e prosperidade na região.

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