Cacique Raoni diz que Bolsonaro mente e pede a Biden para ignorá-lo

Em vídeo divulgado pelo Instituto Raoni, líder kayapó também pede ajuda do presidente americano para encontrar caminho para preservação do meio-ambiente

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - O cacique kayapó Raoni Metuktire pediu ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para ignorar o presidente da República, Jair Bolsonaro, em uma mensagem divulgada um dia após Brasília publicar uma carta para Washington confirmando seus objetivos ambientais.

"Ele tem dito muitas mentiras", disse o conhecido líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni nesta sexta-feira, 16. E completou: "Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (...). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras."

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O líder kayapó é internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia. 

Raoni também pediu ajuda a Biden para encontrar um caminho para preservar o meio ambiente. "Estou triste por saber que tudo o que eu tenho feito em prol do meio ambiente está cada dia mais ameaçado".

Na quinta-feira, a Presidência divulgou uma carta de sete páginas, antes da cúpula dos Chefes de Estado sobre a mudança climática que acontecerá em 22 de abril, na qual Bolsonaro diz estar disposto a trabalhar para cumprir as metas ambientais do país no Acordo de Paris, e para isso pede recursos da comunidade internacional.

A destruição da floresta amazônica, recurso fundamental no combate à mudança climática, aumentou durante a gestão de Bolsonaro.

O cacique Raoni Metuktire, no Acampamento Terra Livre 2018, em Brasília Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

Em 2019, durante seu primeiro discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), Bolsonaro disse que Raoni era usado por governos estrangeiros para impulsionar seus interesses na Amazônia e questionou sua liderança.

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Raoni, por sua vez, contestou várias vezes as posições de Bolsonaro, que defende a exploração da mineração e da agropecuária em reservas naturais e terras indígenas. 

Em janeiro, o emblemático defensor da Amazônia pediu ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigar Bolsonaro por "crimes contra a humanidade", por "perseguir" os indígenas, destruir seu habitat e ignorar seus direitos.

"Me ajude e eu também vou te ajudar, para que possamos conseguir somente coisas boas. Eu não sei falar seu nome, mas o meu nome o senhor já conhece. Me chamo Raoni. Não estou aqui de brincadeira. Sempre lutei pela permanência desta floresta", disse o cacique no vídeo gravado em sua língua, com legendas em português e inglês./ AFP