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Calderón aposta na continuidade para atrair eleitores

Mas isso espanta as classes mais pobres, que foram as mais prejudicadas durante o atual governo de Fox, quem Calderón prentende seguir

Por Agencia Estado
Atualização:

Em nome da estabilidade econômica e da tranqüilidade dos mercados, o candidato presidencial Felipe Calderón, do conservador Partido Ação Nacional (PAN), convocou os mexicanos às urnas no próximo domingo, quando o futuro presidente do país será eleito. Calderón, que se autodenomina o ?candidato do emprego? promete dar continuidade ao projeto do atual presidente Vicente Fox. E faz uma proposta arriscada. Uma das marcas do atual governo foi o elevado número de mexicanos que deixaram o país nos últimos seis anos. Quatro milhões de mexicanos emigraram para os Estados Unidos em busca de emprego e melhores condições de vida. Os índices econômicos do último ano tampouco foi melhor. Em 2005, a economia mexicana cresceu apenas 3% - superando apenas as economias de Brasil, Haiti e El Salvador. Empregos De acordo com dados oficiais, o governo Fox gerou 576.599 novos empregos. A demanda anual exige a criação de pelo menos 1,2 milhão de novos postos de trabalho de acordo com analistas. Entre os trabalhadores economicamente ativos, cerca de 60% estão inseridos na economia informal, de acordo com o Instituto Nacional de Geografia, Estatística e Informática (INEGI). Ainda assim, a fórmula que Calderón pretende implementar para gerar emprego dá continuidade ao projeto de liberalização da economia aprofundado durante o governo de Vicente Fox. O candidato do PAN acredita que cortar impostos deverá atrair a inversão privada, o que, na sua avaliação, promoverá a geração de novos empregos, conforme explicou o deputado do PAN Juan Molinar. ?Vamos praticar impostos competitivos para os empresários. Controlar a inflação e apostar nas políticas de investimento?, explicou Molinar. A estratégia de Calderón é justamente inversa à do seu principal rival, Andrés Manuel López Obrador. O candidato do PRD diz que acabará com os privilégios do setor privado. Quem vai com Calderón? Quem caminha pelas ruas da capital mexicana se dá conta de que o apoio aos candidatos presidenciais está segmentado pela classe social a que pertencem. Os cartazes de apoio ao candidato Felipe Calderón estão concentrados nos setores mais nobres da cidade. Quanto mais periférico o bairro, menor é o apoio ao candidato do governo. O candidato a deputado pelo PAN Jorge Segura, representante do partido no bairro Exército do Oriente, município Iztapalapa, responsabiliza o candidato rival pela falta de apoio a Calderón nos bairros populares. ?O PRD apela para o ressentimento das pessoas pobres quando diz que vai acabar com os privilégios dos ricos. Infelizmente quando as pessoas estão necessitadas, acabam comprando essas idéias?, comentou Segura, em frente à sede da campanha do PAN, a única em todo o bairro onde há propaganda política de Felipe Calderón. Na avaliação de Ana Esther Ceceña, diretora do Laboratório Latino-Americano de Geopolítica, a explicação está em que a continuidade do governo do PAN favorece fundamentalmente a cúpula empresarial e não os setores populares. ?Os empresários foram os principais beneficiados durante o governo Fox. Essa é a base de apoio da candidatura de Calderón?, disse Ceceña. Conservadores assustados Além dos empresários, a classe média conservadora e os setores ligados à igreja católica também tendem a votar no candidato panista. Para Ceceña, a classe média não foi diretamente beneficiada pelo atual governo. No entanto, a seu ver, o discurso de inclusão dos pobres à cena política incentivado por López Obrador assusta os setores mais conservadores. ?A classe média tem medo da presença das massas nas ruas no caso de um descontentamento popular. Preferem manter e defender os bons costumes. Apostam na capacidade do Estado em reprimir, diante da possibilidade de que as coisas saiam do caminho?, afirma. Felipe Calderón afirma que pretende estabelecer uma política de ?pulso firme? para combater a delinqüência e garantir segurança pública. No que se refere à política exterior, a diretora do Laboratório Latino-Americano de Geopolítica afirma que se Calderón sair vitorioso, o México ?continuará sendo a entrada dos Estados Unidos para a América Latina?. ?Fox foi bastante agressivo com a América Latina. Facilitou a entrada dos EUA em temas como a militarização nas fronteiras e o combate ao narcotráfico. Se Calderón ganhar, o México estará longe da política de integração impulsionada pelos demais países latino-americanos?, afirma Ana. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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