Câmara aprova resolução contra plano de Bush para o Iraque

Embora de valor simbólico e cumprimento não obrigatório, texto deve esquentar os embates sobre o futuro da guerra entre o Congresso e o presidente

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Câmara dos Representantes (deputados) dos Estados Unidos aprovou nesta sexta-feira, 16, uma resolução simbólica de cumprimento não obrigatório que rejeita o plano do presidente George W. Bush de enviar um novo contingente de soldados americanos ao Iraque. Aprovada por 246 votos contra 182, o texto deve abrir uma dura batalha entre um Congresso dominado pela oposição democrata e o comandante-em-chefe das forças armadas (o próprio presidente). Altamente impopular nos Estados Unidos, a guerra do Iraque já levou a vida de mais de 3.100 soldados americanos e dezenas de milhares de iraquianos. "Os riscos no Iraque são muito altos para aceitarmos uma proposta que tem pouca possibilidade de funcionar", disse a presidente da Câmara, a deputada democrata Nancy Pelosi. Com um discurso fortemente contrário à guerra, a deputada ganhou destaque nas eleições legislativas do ano passado. "A passagem dessa legislação irá apontar uma mudança de direção na guerra que irá por um fim ao conflito e trazer nossos soldados de volta para casa", disse ela. Os aliados de Bush no Partido Republicano posicionaram-se contra a medida e argumentaram que ela antecipa uma tentativa da maioria democrata de cortar as verbas para a tropas americanas. "A posição deles (dos democratas) irá prejudicar aqueles que lutam sob a bandeira americana no exterior", disse o deputado republicano Roy Blunt, o vice-líder do governo na Casa. "Essa resolução não vinculante é o primeiro passo de um vale-tudo que irá nos levar à derrota em uma luta em que não temos a opção de perder." Pouco antes da votação, os legisladores republicanos voltaram-se para o deputado Sam Johnson, do Texas, para fechar uma posição sobre o caso. Ex-prisioneiro de guerra durante o conflito do Vietnã, Johnson foi aplaudido por membros de ambos os partidos quando subiu na tribuna. "Agora é hora de estarmos de pé pelos nossos amigos que não voltaram para casa, e por aqueles que já lutaram e morreram no Iraque", disse ele, anunciando a posição dos republicanos. "Não devemos cortar as verbas para os nossos soldados. Temos que permanecermos unidos por eles", completou. Assunto unânime A aprovação desta sexta-feira marca a primeira votação do novo Congresso sobre a guerra. Aproximadamente 400 dos 434 deputados falaram durante os dias de debate - um número pouco usual dedicado a apenas uma medida. Movendo-se com rapidez, o líder da oposição no Senado, o democrata Harry Reid, convocou a votação de uma medida semelhante para este sábado. Vários pré-candidatos à Presidência rearranjaram suas campanhas de fim de semana para estarem presentes na votação. A medida votada pela Câmara desaprova a decisão de Bush em aumentar o número de soldados no Iraque, mas, ao mesmo tempo, afirma que o Congresso "apoiará e protegerá" as tropas. O presidente já havia dito, entretanto, que a aprovação da moção não o impediria de enviar outros 21,5 mil soldados ao Iraque. O objetivo do plano é sanar a violência sectária que castiga Bagdá.

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