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Câmara dos EUA formaliza inquérito de impeachment contra Trump

Resolução foi aprovada por 232 votos a 196; com isso, a partir de agora, as sessões serão tornadas públicas

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou nesta quita-feira, 31, por 232 votos a 196 as regras para a abertura formal do inquérito de impeachment contra o presidente Donald Trump, oficializando a investigação. Com isso, a partir de agora, as testemunhas serão ouvidas no plenário, o conteúdo do processo será público e com etapas detalhadas. Um advogado de Trump poderá acompanhar o processo.

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Inicialmente, os democratas não queriam colocar o processo em votação, alegando que o regimento da Câmara não exigia uma aprovação formal. No entanto, os republicanos vinham constantemente atacando o processo, argumentando que não haveria cooperação da Casa Branca enquanto o impeachment não fosse oficialmente aprovado. 

Para os aliados de Trump, era uma forma de falar sobre o assunto sem ter de defender abertamente as ações do presidente. Então, para acabar com o argumento da Casa Branca, a líder dos democratas na Câmara, a deputada Nancy Pelosi, decidiu formalizar o inquérito. 

Agora, os depoimentos serão públicos e os documentos serão divulgados com mais rapidez. Depois de esgotada a fase de investigação, a Câmara colocará em votação o impeachment de Trump – que deve ser aprovado. O julgamento passará então para o Senado, onde os republicanos têm maioria – 53 a 47 senadores.

A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi Foto: REUTERS/Tom Brenner

Para que o Senado condene e destitua o presidente americano, no entanto, seriam precisos dois terços dos votos, ou seja, 20 senadores republicanos teriam de abandonar Trump, o que hoje é considerado extremamente improvável. 

Os democratas ainda não sabem quantas acusações serão protocoladas contra Trump. Até o momento, ele é acusado de obstrução de Justiça e abuso de poder, por ter tentado interferir nas eleições presidenciais de 2020 pressionando um chefe de Estado estrangeiro – o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski – a investigar seu eventual rival, o democrata Joe Biden, que lidera a maioria das pesquisas.

Os votos desta quinta favoráveis à abertura do processo demonstraram uma união atípica na Câmara, que sofre com a polarização política. Os deputados seguiram as respectivas orientações partidárias: todos os republicanos e apenas dois democratas votaram contra a medida.

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Queda de braço

“O que está em jogo não é nada menos do que a nossa democracia”, disse Pelosi, ao defender o processo. “Os democratas estão assustados porque não podem derrotar Trump nas urnas”, respondeu o líder republicano Kevin McCarty

Após a formalização do processo de impeachment, a Casa Branca acusou os democratas de não respeitarem o devido processo legal nas investigações preliminares, mas Trump comemorou o apoio unânime entre os deputados de seu partido. 

A Câmara deve iniciar um recesso de uma semana a partir de sexta. Assim, as sessões públicas devem ser iniciadas na semana de 11 de novembro. Os planos iniciais dos democratas era que tudo estivesse resolvido até o fim do ano, com ou sem impeachment. No entanto, a quantidade de funcionários de alto escalão do governo dispostos a falar surpreendeu e a conclusão do processo pode atrasar.

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O temor dos democratas é o de que o inquérito se arraste até janeiro, atrapalhando as primárias do partido. Muitos senadores – como Elizabeth Warren, Bernie Sanders, Kamala Harris, Amy Klobuchar e Corey Booker – disputam a chance de ser antagonista de Trump nas eleições de novembro de 2020. 

A primeira votação primária será no Estado de Iowa, em 3 de fevereiro. Em seguida, as prévias passam para New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul. A maioria dos democratas estará em campanha pelo país. No entanto, se os debates no Senado ainda estiverem em andamento, parte dos senadores terá de ficar em Washington.

Nesta quinta, o especialista em Rússia do Conselho de Segurança Nacional, Tim Morrison, foi ouvido a portas fechadas pelos democratas. Ele renunciou ao cargo na quarta-feira. De acordo com fontes, Morrison confirmou a versão das demais testemunhas de que a Casa Branca teria pressionado Zelenski a investigar Biden – n0 depoimento, porém, ele disse que não via nada de errado no telefonema. / AP, NYT e REUTERS

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