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Câmara paraguaia condena tortura de opositores

Por Agencia Estado
Atualização:

A Câmara de Deputados do Paraguai condenou nesta quinta-feira as torturas sofridas por dois militantes esquerdistas em mãos de elementos parapoliciais e responsabilizou "politicamente" pelo episódio o presidente Luis González Macchi. Os seqüestros e as torturas sofridas pelos dirigentes esquerdistas também mereceram o repúdio da Organização dos Estados Americanos (OEA). Os deputados emitiram uma declaração na qual atribuem a "responsabilidade política" pelo episódio não apenas ao presidente Macchi, mas também ao procurador-geral do Estado, Oscar Latorre, ao mesmo tempo em que vários legisladores condenavam o ressurgimento do terrorismo de Estado. Os dirigentes esquerdistas Juan Arrom e Anuncio Martí, procurados pela polícia como supostos co-autores do seqüestro da esposa de um empresário, foram por sua vez seqüestrados e gravemenmte torturados por paramilitares. Até esta quinta-feira, não havia ficado claro o motivo do seqüestro dos dois esquerdistas, não estando descartada nos círculos políticos a posssibilidade de que pessoas próximas ao governo tenham tentado ficar com parte do resgate pago para libertar a mulher do empresário, que Arrom já teria recebido. Libertados após 14 dias de cativeiro, Arrom e Martí acusaram os ministros do Interior, Julio Fanego, e da Justiça e Trabalho, Silvio Ferreira, de estarem envolvidos em seu seqüestro - fato que levou ambos à renúncia devido à indignação provocada pelo episódio junto à opinião pública. Durante a sessão desta quinta-feira, o deputado Luis Talavera - do governante Partido Colorado, mas que representa um arquiinimigo do governo, o ex-general Lino Oviedo - anunciou para os próximos dias um pedido de julgamento político do presidente González Macchi. A Coordenadoria de Direitos Humanos do Paraguai informou que também solicitou o julgamento político de González Macchi e do procurador Latorre. O Movimento Pátria Livre, do qual Arrom é fundador e líder, denunciou que os organismos governamentais estariam preparando documentação falsa para acusar os dirigentes dessa organização. Alguns analistas indicaram que o seqüestro da mulher, María Edith de Debernardi - pelo qual Arrom, entre outros, é acusado - adquiriu uma coloração política a partir do seqüestro dos militantes esquerdistas.

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