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Câmara pode dar carta branca para Bush atacar o Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos deve aprovar nesta quinta o texto de uma resolução conjunta com o Senado que autoriza o presidente George W. Bush "a usar as Forças Armadas dos EUA, como ele determinar necessário e apropriado, para defender a segurança nacional (do país) contra a ameaça continuada colocada pelo Iraque e garantir a aplicação de todas as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas relativas ao Iraque". Mas Bush não conseguirá o apoio unânime que gostaria de ter para a ação militar que o Pentágono prepara para remover o regime de Saddam Hussein do poder e destruir os arsenais de armas de destruição em massa que, segundo Washington, o Iraque possui. Para o deputado Dennis Kucinich, um democrata que liderou a oposição contra a concessão do sinal verde a Bush, cerca de um quarto dos 435 membros da Câmara votará contra a medida. A expectativa da Casa Branca, de que o Senado endosse a resolução ainda esta semana, para dar-lhe maior peso, foi reforçada hoje depois da derrota por 88 votos contra 10 de uma emenda do democrata Robert Graham, presidente da Comissão de Inteligência, que incluiria entre os alvos da medida cinco organizações terroristas consideradas pelo senador como ameaças mais sérias e imediatas do que o regime de Saddam. Mas um outro senado democrata, Robert Byrd, um zeloso protetor das regras e prerrogativas do Câmara alta, prometeu protelar a aprovação da resolução com manobras de obstrução parlamentar. Ele disse que o projeto de resolução em debate representa "um cheque em branco, pelo qual o Congresso cede seu poder constitucional de declarar guerra". O democrata Thomas Daschle, o líder da maioria no Senado, disse que quer ver a resolução conjunta aprovada antes do início do recesso da campanha para as eleições legislativas, neste sábado. Ele prometeu manter o Senado em sessão durante o fim de semana, se necessário. Dois dias de debates nas duas casas do Congresso americano não produziram mudanças de posições. Tampouco alterou o panorama a divulgação de uma carta que o vice-diretor da CIA, John McLaughlin, enviou na segunda-feira passada ao Senado informando que o Iraque não está patrocinando atos terroristas mas poderá passar a fazê-lo se for atacado. O documento indica que existe um furo na tese que Bush apresentou esta semana aos americanos em discurso ao país, para defender a urgência de uma ação punitiva contra o regime de Saddam. O deputado democrata Donald Payne disse que o relatório da CIA sugere que um ataque ao Iraque "poderia desencadear exatamente as coisas que o presidente (Bush) disse que está querendo evitar - o uso de armas químicas e nucleares". Payne afirmou que à luz desse relatório, "a política do ataque preventivo ao Iraque é problemático". Vários críticos da postura belicosa de Bush advertiram para o risco e o alto custo que os EUA pagarão se atacarem o Iraque antes de o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovar uma nova resolução que legitime e garanta apoio internacional à ação ou antes de se dar uma chance para que os inspetores de armas voltem ao país para retomar o trabalho interrompido em 1998. Eles insistiram na participação de outras nações em qualquer operação. A administração Bush quer usar o respaldo do Congresso para pressionar o Conselho de Segurança da ONU a aprovar uma resolução dura. Por ora, os EUA contam com o apoio apenas da Inglaterra entre os cinco membros permanentes e continua a negociar com a Rússia, a China e a França em busca de uma linguagem comum. Os especialistas em assuntos militares não prevêem ataque antes do início do ano que vem.

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