PHNOM PENH- O tribunal internacional do Camboja acusou formalmente de genocídio, crimes contra a Humanidade e de guerra, os quatro ex-dirigentes do regime do Khmer Vermelho que estão presos à espera de ser julgados.
Os acusados são o ex-chefe de Estado durante o regime, Khieu Samphan; o principal ideólogo da organização radical, Nuon Chea; o ex-ministro de Assuntos Exteriores Ieng Sary e sua mulher Ieng Thirit, que foi titular de Assuntos Sociais.
A formalização das acusações abre a possibilidade de os quatro serem julgados pelo tribunal internacional das Nações Unidas, que em julho condenou a 30 anos de prisão o quinto dos detidos, Kaing Guek Eav, conhecido como "Duch".
Duch, o oficial do Khmer Vermelho de menor categoria de entre os cinco que estão presos, desempenhou o cargo de chefe do centro de torturas de Tol Sleng, pelo qual passaram cerca de 14 mil vítimas.
O juiz do tribunal, You Bunleng, indicou em entrevista coletiva que o julgamento de Nuon Chea, Khieu Samphan, Ieng Sary e Ieng Thirit comecará no início de 2011.
Os quatro foram detidos em meados de 2007, e desde então fizeram todas as apelações possíveis contra a ordem de detenção, sempre perdendo.
Bunleng explicou que os juízes a cargo da investigação ouviram em 46 oportunidades as declarações de cada um dos quatro ex-dirigentes da organização extremista, cujas idades estão entre 78 e 84 anos.
O juiz acrescentou que o julgamento estabelecerá a suposta responsabilidade dos acusados "no contexto do ataque à totalidade da população do Camboja".
"Estimamos que houve entre 1,7 milhões e 2,2 milhões de mortes, das quais aproximadamente 800 mil foram violentas", disse o juiz.
O Centro de Documentação para o Genocídio do Camboja estima que cerca de 1,7 milhões de pessoas morreram por causa da crise de fome, doenças e expurgos realizados pelo regime do Khmer Vermelho, entre abril de 1975 e janeiro de 1979.
O líder do regime, Pol Pot, morreu em abril de 1998 na base da guerrilha situada em Amlong Veng, no noroeste do Camboja.