Cameron alerta que saída da Grã-Bretanha da UE ameaçaria a paz na Europa

Porta-voz da campanha favorável ao Brexit disse que declarações de premiê mostram ‘desespero de uma campanha que não consegue apresentar argumentos a favor’ do bloco

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Por Redação
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LONDRES - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, advertiu nesta segunda-feira, 9, a seus compatriotas que a saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE) colocaria em perigo a paz na Europa, um alerta que seus adversários chamaram de "desespero".

A Marinha invencível, Waterloo, Trafalgar, a Batalha da Inglaterra e Churchill foram citados no discurso do primeiro-ministro no Museu Britânico de Londres. Depois de destacar por várias semanas os prejuízos econômicos da saída da UE, Cameron quis "expor os grandes argumentos patrióticos para seguir" no bloco.

Ao lado de outros líderes partidários, o premiê britânico, David Cameron, telefona para eleitores para tentar convencê-los a votar a favor da continuidade na União Europeia Foto: AFP PHOTO / POOL / Stefan Rousseau

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"A UE contribuiu para reconciliar países que se destruíram durante décadas", recordou Cameron. "Podemos ter certeza de que a paz e a estabilidade de nosso continente estão garantidas hoje, além de qualquer dúvida? Vale a pena o risco? Eu nunca seria tão imprudente para dar como garantido", disse.

"O que acontece em nossa vizinhança importa para a Grã-Bretanha. Era verdade em 1914, 1940 e em 1989. E poderíamos acrescentar 1588, 1704 e 1815. E se as coisas vão mal na Europa, não pensemos que somos imunes às consequências", afirmou Cameron.

"As fileiras de lápides brancas nos cemitérios da Commonwealth (Comunidade Britânica) são o testemunho silencioso do preço que este país teve que pagar para restaurar a paz e a ordem na Europa", disse. "O isolacionismo nunca fez bem a este país. Nós sempre tivemos que voltar, e sempre a um custo maior", completou.

O avanço nos argumentos de Cameron coincide com a insistência das pesquisas em apresentar um empate entre os partidários da saída e da permanência na UE no referendo de 23 de junho, apesar das intervenções do presidente americano Barack Obama e de outros governantes estrangeiros em defesa do bloco europeu, além dos relatórios do Tesouro e do Banco da Inglaterra que apresentam os riscos econômicos de uma saída.

Os partidários da saída da UE criticaram as declarações de Cameron. "Não acredito que o primeiro-ministro pense com seriedade que deixar a União Europeia provocaria uma guerra no continente europeu, já que há apenas alguns meses estava disposto a pedir que as pessoas votassem a favor da saída se não conseguisse concessões de Bruxelas", disse o conservador Boris Johnson, prefeito de Londres.

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As palavras de Cameron revelam "o desespero de uma campanha que não consegue apresentar argumentos a favor da UE", disse um porta-voz do "Vote Leave" (Vote para Sair), a campanha a favor da saída, apelidada de Brexit. /AFP

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