Cameron e Sarkozy devem fazer 1ª visita à Líbia sob regime anti-Kadafi

Líderes da Grã-Bretanha e França são esperados em Trípoli por líderes do CNT e podem viajar para Benghazi, leste do país, onde as revoltas começaram em fevereiro; autoridades do governo de facto reuniram-se ontem com o subsecretário de Estado dos EUA

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PARISO primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy devem visitar a Líbia hoje, na primeira visita oficial de líderes de outros países, desde que combatentes anti-Muamar Kadafi invadiram Trípoli. França e Grã-Bretanha lideraram a ofensiva aérea da Otan contra as forças de Kadafi, o que abriu caminho para os rebeldes instalarem o Conselho Nacional de Transição (CNT) como governo provisório.Mantida em segredo pela diplomacia dos dois países europeus, a viagem foi confirmada pelo CNT. Cameron e Sarkozy serão acompanhados do filósofo francês Bernard-Henri Levy, que defendeu a revolução líbia e teria convencido Sarkozy a apoiar a rebelião. O trio é esperado em Trípoli por líderes do CNT e há planos de uma visita a Benghazi, cidade do leste da Líbia onde as revoltas começaram, em fevereiro.Fontes da polícia francesa informaram que pelo menos 160 oficiais foram deixados a postos para o voo noturno que levaria Sarkozy à Líbia. A volta para a França está prevista, segundo eles, para amanhã.Os assessores de Cameron e Sarkozy não quiseram comentar sobre a viagem que, aparentemente, não seria anunciada com antecedência.Na conferência internacional realizada no início de setembro, Sarkozy declarou que visitaria a Líbia assim que o CNT se instalasse no poder. Desde que os rebeldes capturaram a capital líbia, no dia 23, Jeffrey Feltman, subsecretário de Estado dos EUA para assuntos do Oriente Médio, foi o funcionário americano de mais alto escalão a visitar Trípoli, ontem. Ele esteve na capital para um encontro com líderes do CNT.O Conselho de Segurança da ONU deve votar nos próximos dias uma resolução para criar uma missão da paz, sob a bandeira das Nações Unidas, na Líbia.A viagem de Sarkozy e Cameron ocorrerá num momento em que forças leais a Kadafi continuam a atacar os combatentes do CNT em áreas como Bani Walid, um dos últimos bastiões do ditador deposto. Acusado de crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional, Kadafi permanece escondido. Parentes que fazem parte de seu círculo próximo, entre eles um de seus filhos, fugiram para o vizinho Níger.Num áudio colocado no ar por um canal de televisão com base na Síria, Kadafi fez um apelo à comunidade internacional para que ajude a cidade onde nasceu, Sirte, cercada por forças do novo governo. Milicianos leais ao CNT disseram que forças pró-Kadafi formaram um cordão de tanques em torno de Sirte, para evitar um ataque à cidade, mas impedindo também a fuga de civis. Segundo os rebeldes, as forças de Kadafi tentaram, antes, persuadir a população de Sirte a acreditar que os soldados do novo governo eram terroristas. Os kadafistas ainda controlam uma faixa da costa de Sirte e alguns oásis do Saara. / AFP e AP

Impasse diplomático do CNT

Países que reconhecem o CNT: EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia, China, Turquia, Itália, Alemanha, Espanha, Catar, Jordânia, Japão, Tunísia, Egito, Marrocos, Bahrein, Níger e Colômbia

 

Ainda não reconhecem: Brasil, Índia, México, Suécia, Suíça, Argélia, Irã, Quênia, Síria, Iêmen, Arábia Saudita

 

Não vão reconhecer: Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua, Zimbábue, São Vicente e Granadinas, Antígua e Barbuda, Dominica

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