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Caminhão-bomba mata 20 e fere 140 no sul da Rússia

Atentado suicida na Ingushétia marca escalada de violência na república separatista

Por AP E AFP
Atualização:

Um ataque suicida com um caminhão carregado com 200 quilos de explosivos deixou ontem 20 mortos e 140 feridos na delegacia de Nazran, maior cidade da república russa da Ingushétia. A explosão foi a mais letal nessa região ao sul do país em anos recentes, pondo fim às afirmações do Kremlin de que a área vinha se estabilizando depois de duas guerras na Chechênia e de crescente violência nas repúblicas vizinhas desde 1994. O presidente russo, Dmitri Medvedev, reagiu ao ataque destituindo o ministro do Interior local. "Esse ataque terrorista poderia ter sido evitado", disse Medvedev, que raramente comenta atentados como os de ontem. O presidente russo também expressou condolências aos parentes das vítimas e prometeu punição. "Faremos todo o possível para castigar os responsáveis por este crime cruel." Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque. A Ingushétia, na região do Cáucaso, vem sofrendo com uma onda de atentados terroristas nos últimos meses, incluindo um ataque suicida em junho que deixou o presidente local, Yunus-Bek Yevkurov, indicado pelo Kremlin, seriamente ferido. Ele reassumiu o posto cinco dias atrás. Yevkurov culpou os militantes islâmicos que lutam contra as forças de segurança nas florestas e montanhas na fronteira com a Chechênia pelo ataque de ontem. "Foi uma tentativa de desestabilizar a situação e semear o pânico", afirmou em nota lida por seu porta-voz. Segundo a polícia, o motorista jogou o caminhão contra os portões da delegacia no momento em que os oficiais se apresentavam para a inspeção matinal. Alguns policiais teriam atirado contra o caminhão, mas não conseguiram detê-lo. O veículo rompeu os portões e chegou ao pátio, onde foi detonado. A explosão do caminhão detonou uma série de explosões que durou várias horas no paiol da delegacia. Cerca de 30 carros que estavam nas proximidades foram incendiados e um edifício residencial ao lado do posto da polícia também foi severamente danificado. Quando as equipes de emergência puderam entrar na delegacia e demais locais atingidos com segurança, recolheram 20 corpos e socorreram 138 feridos. O atentado de ontem foi o pior de Ingushétia desde junho de 2004, quando militantes mataram quase 90 pessoas. A república é um das mais pobres da Federação Russa; atualmente 50% da população está desempregada. A situação está piorando com um influxo de refugiados da Chechênia, fugindo do confronto entre rebeldes e forças russas. REGIÃO PROBLEMA O ataque em Nazran representa um sério desafio para o Kremlin e suas políticas para o norte do Cáucaso. A região é habitada por uma maioria muçulmana de diversos grupos étnicos, que várias vezes já entraram em confronto com o governo central da Rússia e também entre si. De forma geral, a população do Cáucaso rejeita os líderes indicados por Moscou. Grupos de defesa dos direitos humanos alegam que há prisões arbitrárias, torturas e assassinatos. Na Ingushétia, o predecessor de Yevkurov, Murat Zyazikov, enfrentava grande resistência popular e foi forçado a deixar o cargo no ano passado.

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