Campanha faz franceses defenderem direita radical

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Por ANDREI NETTO e CORRESPONDENTE
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No final da manhã de quarta-feira, Philippe M., de 49 anos, funcionário da direção de uma multinacional, decidiu "sair do armário". Filho de moradores do interior da França identificados com a direita moderada (gaullista), ele votou em segredo desde os 18 anos no empresário Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional (FN), o maior partido de extrema direita do país.Em 2012, satisfeito com os 6,3 milhões de votos para Marine Le Pen no primeiro turno das eleições presidenciais, ele concluiu que era hora de romper o silêncio e admitir as razões de sua adesão em público - ainda que pedindo ao Estado a preservação de seu sobrenome: "Eu sou por uma França soberana, que saiba controlar seu fluxo migratório", argumentou.Desde as 20 horas de domingo passado, quando os principais institutos de pesquisas apontaram os resultados das sondagens de boca de urna, indicando que a FN e Marine teriam uma votação recorde, chegando a 17,9% do eleitorado, a extrema direita perdeu seu complexo na França. Assediados pelos dois finalistas, o atual presidente, Nicolas Sarkozy, da União por um Movimento Popular (UMP, centro-direita), e seu oponente do Partido Socialista (PS), François Hollande, os eleitores da extrema direita descobriram o poder de barganha que têm.Philippe, por exemplo, diz querer a saída da França da União Europeia, o retorno ao franco e o abandono do euro, a expulsão em massa de imigrantes ilegais e a redução drástica dos estrangeiros em situação legal.No intervalo de sete dias, a mudança de posição de Sarkozy e Hollande em relação a esse eleitorado é escancarada. O chefe de Estado passou a repetir os principais slogans da FN em seus comícios, enquanto Hollande fez uma guinada à direita propondo o controle estrito da entrada de imigrantes em busca de trabalho. Essa mudança, claro, é motivada pela proximidade do segundo turno, domingo que vem. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

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