30 de março de 2018 | 20h15
CIDADE DO MÉXICO - Os três meses de campanha presidencial no México começaram oficialmente nesta sexta-feira. Dois dos quatro principais candidatos lançaram formalmente suas campanhas, em meio a uma insatisfação com o governo do presidente Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), e com a corrupção generalizada. O cenário faz do esquerdista Andrés Manuel López Obrador favorito, segundo as pesquisas.
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As mais recentes sondagens para as eleições de 1.º de julho mostram Obrador à frente dos rivais. Em segundo lugar está Ricardo Anaya, candidato do Partido de Ação Nacional (PAN), dos ex-presidentes Vicente Fox e Felipe Calderón. Anaya lançou nesta sexta-feira sua campanha na Cidade do México com um discurso para cerca de mil jovens em que apresentou propostas para o combate à corrupção e a violência que assola o país. “O México vai mudar. Esse governo corrupto tem seus dias contados”, disse Anaya, o mais jovem dos quatro candidatos à presidência.
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Entre os jovens que acompanhavam o discurso estava Mónica Vargas, de 22 anos, estudante de literatura de Tlaxcala. Ela disse que apoia Anaya porque ele sabe escutar a juventude. “Como mexicana, sinto-me desapontada por ter medo de sair à rua. Nós percebemos o quão ricos nossos funcionários públicos se tornaram, enquanto o povo vive o tempo todo atrasado”, afirmou.
Quem também iniciou a campanha foi ex-primeira-dama Margarita Zavala, que ocupa o quarto lugar nas pesquisas. Ela se lançou como candidata independente com um discurso nas ruas centrais da capital mexicana. Obrador, que lidera as sondagens, e o economista José Antonio Meade, do PRI, lançarão suas candidaturas amanhã.
No ano passado, o México registrou um número recorde de homicídios. Os principais cartéis do país se sofisticaram e, além do comércio ilegal drogas, faturam com a extorsão, o sequestro, o roubo de combustível e com o tráfico de seres humanos.
Nos últimos meses, escândalos de corrupção atingiram a credibilidade de Peña Nieto e respingaram na imagem de Meade. O PRI governou o México continuamente desde 1929, com a exceção de um recesso de 12 anos, quando Fox e Calderón ocuparam a residência de Los Pinos.
Obrador foi prefeito da Cidade do México, de 2000 e 2005, e candidato presidencial nas duas últimas eleições, em 2006 e 2012. Após as duas derrotas, abandonou o Partido da Revolução Democrática (PRD), moderou o discurso e fundou o Movimento Regeneração Nacional (Morena).
Ainda assim, Obrador tem levantado temores entre empresários com a promessa de rever contratos de petróleo e gás, além de parar a construção do novo aeroporto da Cidade do México, o maior projeto de infraestrutura do governo de Peña Nieto.
Vantagens. As eleições de julho serão as maiores da história do México. Além do presidente, mais de 3.300 cargos locais e federais também estarão em jogo, incluindo os 628 assentos da Câmara dos Deputados e do Senado.
Uma outra vantagem de López Obrador é que a lei eleitoral mexicana não prevê segundo turno – vence o candidato mais votado. Assim, um presidente pode ser eleito pela minoria, como foi o caso de Calderón, que venceu as eleições de 2006 com apenas 35% dos votos. / REUTERS, NYT e AP
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