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Canadá: Supostos terroristas vão a tribunal e denunciam tortura

Advogados de alguns dos suspeitos reclamaram que seus clientes estão sendo confinados na solitária e que um deles foi espancado por um guarda no domingo

Por Agencia Estado
Atualização:

Alguns dos 17 homens detidos no dia 2 de junho por sua suposta participação em um grupo terrorista no Canadá, denunciaram torturas quando compareceram nesta segunda-feira diante do juiz que deve decidir as condições para sua possível liberdade sob pagamento de fiança. Quatorze dos 17 homens presos na maior operação antiterrorista do Canadá compareceram no Tribunal de Justiça de Ontário, em Brampton, nesta segunda-feira. Outra audiência está marcada para o dia 4 de julho. A Polícia Montada do Canadá anunciou no dia 2 de junho que as autoridades impediram um ataque terrorista contra alvos ao sul de Ontário, afirmando que os suspeitos compraram três toneladas de nitrato de amônia, três vezes a quantidade utilizada nos ataques contra a cidade de Oklahoma em 1995, que mataram 168 pessoas. Cada suspeito, 12 adultos e cinco menores, responde pela acusação de participar de um grupo terrorista. Três deles, Fahim Ahmad, de 21 anos, Mohammed Dirie, de 22 anos e Yasim Abdi Mohamed, de 24 anos, também são acusados de importar armas e munição para o uso em atividades terroristas. Nove são acusados de receber treinamento de um grupo terrorista e quatro são acusados de ministrarem o treinamento. Torturas Advogados de alguns dos suspeitos reclamaram que seus clientes estão sendo confinados na solitária e que um deles foi espancado por um guarda no domingo. Além disso, afirmam o tempo concedido para que os suspeitos se alimentem e fiquem com suas famílias não é suficiente e não foram permitidas reuniões privadas com seus clientes. O advogado de um dos 14 supostos terroristas questionou nesta segunda-feira se os suspeitos terão direito a um julgamento justo. O advogado Rocco Galati, que representa o suspeito Ahmad Mustafa Ghany, de 21 anos, disse que os acusados já foram declarados culpados publicamente por funcionários do governo e líderes religiosos de algumas comunidades. "Alguns dias depois das prisões, o primeiro-ministro do Canadá e o prefeito de Toronto declararam publicamente que os acusados eram culpados", afirmou. Onda antimuçulmana Agora os canadenses temem uma onda de ações antimuçulmanas. Depois do anúncio das prisões, as janelas de uma mesquita em Toronto foram quebradas e um proeminente líder muçulmano foi atacado com uma faca do lado de fora de uma mesquita em Montreal. No sábado, o primeiro-ministro Stephen Harper realizou uma reunião a portas fechadas com líderes da comunidade muçulmana para discutir os efeitos das prisões. Participantes do encontro afirmam que acadêmicos, ativistas e líderes religiosos expressaram diferentes pontos de vista sobre a real motivação dos suspeitos.

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