MONTREAL - Em uma homenagem nacional, caracterizada pelo multiculturalismo, milhares de canadenses e o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, acompanharam nesta quinta-feira, 2, em Montreal o emotivo funeral de três das seis vítimas do ataque na mesquita de Quebec.
Ao pé de três grandes coroas de flores brancas, dois dos caixões foram cobertos com a bandeira da Argélia e outro com a da Tunísia. Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia realizada em uma pista de patinagem próximo ao estádio olímpico de Montreal.
Horas antes da homenagem, a mesquita Khadijah, situada em um bairro do centro de Montreal, foi alvo de vândalos. Manifestantes jogaram ovos, quebraram vidros e grafitaram o prédio. A polícia abriu uma investigação.
Os argelinos Khaled Belkacemi e Abdelkrim Hassane e o tunisiano Boubaker Thabti foram assassinados no domingo. Outras três pessoas também morreram. O autor dos ataques foi o estudante canadense Alexandre Bissonnette, de 27 anos, simpatizante da extrema direita.
"É uma dor difícil de expressar, está no coração", disse à AFP o argelino Mohamed Lemdani, uma das cinco mil pessoas que participaram da cerimônia. "Todos somos pais de família, que chegamos ao Canadá para trabalhar e ser parte de uma sociedade multicultural."
No início da cerimônia, o xeque Masaad El beltaji recitou versos do Alcorão diante de uma multidão formada por quebequenses de braços dados a canadenses por adoção, muçulmanos, cristãos e judeus.
"É todo um país que foi sacudido por este ataque brutal e de ódio, porém, nestes momentos sombrios, o Canadá está unido e se mostra solidário", afirmou Trudeau.
"Não à violência, não à intimidação, ao racismo e à xenofobia", disse Philippe Couillard, chefe de governo da província francófona de Quebec. "Saibam que estão em casa."
A comunidade muçulmana do Canadá soma 1,1 milhão de pessoas. O país tem 36 milhões de habitantes.
Após a cerimônia, os corpos dos três canadenses serão repatriados à Argélia e à Tunísia, seus países de nascimento. / AFP