Candidata à Presidência da França busca voto feminino

Ségolène Royal tenta aumentar vantagem em relação a Nicolas Sarkozy

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Por Agencia Estado
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Ségolène Royal, candidata à Presidência francesa pelo Partido Socialista, lançou mão nesta quinta-feira, 5, de sua condição de mulher tentando conquistar votos entre o eleitorado feminino no momento em que, segundo pesquisas de opinião, aumenta a vantagem do maior rival dela na disputa, o direitista Nicolas Sarkozy. Os dois presidenciáveis mais bem colocados participavam, junto com outros seis candidatos, de um fórum organizado pela revista Elle e batizado de O que Querem as Mulheres - no evento, os políticos apresentaram suas opiniões sobre vários assuntos, entre os quais educação, prostituição e creches. Tanto Sarkozy quanto Royal afirmaram que as mulheres compartilhavam dos mesmos objetivos dos eleitores do sexo masculino e chamaram atenção para o problema da discriminação no país, mas não apenas da discriminação contra as mulheres. Royal, a seu turno, contou ter sido alvo de preconceito pelo fato de ser mulher e apelou à população francesa para que tomasse uma atitude fazendo dela a primeira presidente da França. O primeiro turno da eleição acontece no dia 22 de abril; o segundo, em 6 de maio. "A luta das mulheres na França não chegou ao fim", afirmou Royal. "Mas chegou a hora das mulheres, e eu espero que os franceses tenham a coragem de fazer essa escolha audaz na eleição presidencial." Campanha misógina Mais de 30 mil pessoas, entre as quais famosos como as atrizes Catherine Deneuve e Agnès Jaoui, assinaram nesta semana uma petição online para denunciar o que descreveram como uma campanha misógina dirigida contra a candidata socialista. "Tudo o que dizem sobre ela, sobre a voz dela, o cabelo dela, os brincos dela, a forma como ela fala, os tropeços dela, a teimosia dela, o sentimento de compaixão e a dureza dela, tudo isso é dito para deslegitimá-la", afirmou a petição, disponível no endereço www.1milliondefemmessenervent.org. Quando Royal anunciou, no ano passado, que pretendia concorrer à Presidência, um rival dela perguntou: "Quem vai cuidar das crianças?". Segundo a candidata, comentários como esses ajudaram-na a conquistar espaço. Mas Royal vem aparecendo sempre atrás de Sarkozy nas pesquisas e, na quinta-feira, números divulgados pela BVA mostraram a candidata seis pontos atrás de seu maior rival em um provável segundo turno. Na semana passada, ela aparecia três pontos atrás dele. Liberdade de escolha Em um esforço para angariar mais votos, a candidata tentou ganhar o apoio de estudantes, professores e feministas prometendo melhorar o serviço de creches, tornar mais rígidas as leis que punem atos de violência contra mulheres e construir um memorial para uma heroína do movimento feminista da França. Sarkozy, de outro lado, afirmou que aumentaria a carga diária de aulas, permitindo que as mães que trabalham não precisassem se preocupar com suas crianças. O candidato também prometeu intensificar os esforços de vigilância para garantir que as funcionárias de empresas estejam recebendo o mesmo que os homens e para punir qualquer tratamento desigual. "O que querem as mulheres? Como todo o povo francês, elas querem a liberdade de escolha", afirmou Sarkozy. "Como todo mundo, há momentos em que desejam trabalhar mais, e momentos quando desejam trabalhar menos. Elas não querem ser obrigadas a fazer apenas uma coisa." Extrema direita Jean-Marie Le Pen, candidato da extrema direita e que foi o último a falar no fórum, viu-se confrontado por mais de cem manifestantes que gritavam "Le Pen racista" e exibiam cartazes com palavras de ordem contra o político. Apesar do surgimento de Royal como um dos principais nomes na atual disputa pela Presidência, as mulheres costumam desempenhar um papel mais discreto na vida pública da França. Segundo dados apresentados pelo União Interparlamentar, apenas 12,2% dos parlamentares são mulheres, o que coloca o país em 84º lugar em um ranking mundial com 135 nações, atrás de quase todos os seus parceiros da União Européia (UE). No mundo dos negócios, apenas uma mulher comanda uma empresa francesa de ponta, e ela é norte-americana.

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