VARSÓVIA - Beata Szydlo é a favorita nas eleições gerais de domingo na Polônia, e essa vitória devolveria o poder aos conservadores depois de oito anos, o que, segundo analistas locais, poderia transformá-la na 'Angela Merkel polonesa'.
Beata, de 52 anos, entrou no primeiro plano da política polonesa em junho, quando o fundador do partido conservador-nacionalista Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski, a elegeu como candidata do partido.
Ela foi avalizada por seu sucesso como uma das responsáveis pela campanha presidencial de Andrzej Duda, que no começo do ano venceu de forma surpreendente o até então chefe de Estado, o liberal Bronislaw Komorowski.
Até agora, e apesar de ser uma das lideranças do partido, Beata tinha um papel secundário na política polonesa, mas o triunfo de Duda a ajudou a avançar para a linha de frente dos conservadores.
Os analistas políticos afirmam que um dos pontos-chave para sua designação não foi o que ela é, mas o que não é: Beataera pouco conhecida e não estava marcada por anos no governo, como sua principal rival nestas eleições, a primeira-ministra Ewa Kopacz.
Além disso, Beata não é o polêmico Jaroslaw Kaczynski, cujo mandato como primeiro-ministro (2005-2007) foi marcado por controvertidas relações com a Alemanha e outros parceiros europeus, alem de polêmicas nas políticas internas, dominadas pela caça de espiões da era comunista e pela defesa de valores morais.
Sua gestão menosprezou a imagem do Lei e Justiça e, ao longo desta campanha eleitoral, Ewa Kopacz insistiu no argumento do medo diante da possibilidade de retorno dos conservadores ao governo, embora esse discurso tenha perdido o sentido após a escolha de Beata.
As últimas pesquisas dão a ela 36% das intenções de voto, o que faz com que alguns analistas vejam em Beata uma futura Angela Merkel polonesa, embora mais sensível às questões sociais por sua origem proletária - ela é filha de um minerador da bacia carbonífera do sul da Polônia.
A candidata conservadora começou sua carreira como etnógrafa e fez doutorado em Filosofia. Ela trabalhou no departamento de Folclore do Museu de História da Cracóvia, cargo que deixou para entrar na política, e se tornou em 1998 a prefeita de Brzeszcze, cidade mineradora do sul da Polônia de pouco mais de 10 mil habitantes.
Szydlo nasceu em Oswiecim, cidade mais conhecida por seu nome em alemão, Auschwitz, e um dos santuários da Polônia conservadora, onde a candidata, cujo filho mais velho se prepara para ser sacerdote em um seminário da Cracóvia, contou ter aprendido os valores que defende: família, atenção às classes mais desfavorecidas e respeito à Igreja Católica como uma referência para a sociedade.
Casada com Edward, um professor, Beata mantêm sua residência em um povado próximo a Auschwitz, perto dos pais dela, e seus vizinhos a descrevem como uma pessoa humilde, que não se envergonha de suas raízes e não deixou o sucesso subir à cabeça.
As pesquisas mostram que os poloneses avaliam Beata melhor que Kopacz em questões como confiança, patriotismo e proximidade do povo. / EFE