
23 de julho de 2015 | 02h04
Os primeiros comentários postados continham elogios ao argentino, exaltando seu perfil conciliador e tratando-o já como presidente. Entre os últimos, a maioria o criticava, questionando se ele também encontraria Fidel Castro e terminaria sua viagem passando por Bolívia e Venezuela. Um internauta o chamou de "invotável".
A presidente Cristina Kirchner manteve uma política externa próxima dos países bolivarianos, algo que os membros da campanha de Scioli dizem ser uma das principais diferenças entre os dois.
"A viagem é um movimento interessante de Scioli. Primeiro, porque se ele ganhar, tentará se reaproximar dos EUA. E ir a Cuba agora é uma garantia de que esta foto circulará na imprensa internacional. É passar a imagem de um estadista que ele não é", diz o sociólogo Carlos de Angelis, professor da Universidade de Buenos Aires.
A visita à ilha ocorre num momento em que Scioli tenta se aproximar da base kirchnerista, principalmente do movimento La Cámpora, que o vê como um político cunhado do lado conservador do peronismo.
" É uma tentativa também de agradar um grupo de intelectuais argentinos kirchneristas, como o Carta Aberta, para quem Cuba é um modelo. Eles detestam Scioli", avalia De Angelis.
Na terça-feira, a presidente argentina, que também não via Scioli como nome ideal para substituí-la e o destratou algumas vezes, o aplaudiu de pé pela primeira vez na inauguração de uma estrada. O gesto foi interpretado como uma orientação aos militantes mais radicais para aceitá-lo.
No dia 9 de agosto, o país terá eleições primárias. Embora Scioli seja o candidato único do kirchnerismo, o número de votos que receber medirá o apoio que ele reuniu dentro do variado espectro ideológico peronista - e quantos independentes terá de buscar se quiser vencer no primeiro turno, em outubro. Para isso, será necessário chegar aos 45% dos votos válidos ou a 40%, desde que obtenha 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
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