Candidatos barrados no Egito entram na Justiça

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Por AE
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Três pré-candidatos à presidência do Egito, que tiveram suas candidaturas barradas pela Justiça eleitoral no final de semana passado, entraram nesta segunda-feira com recursos para que possam ser candidatos à presidência do país. O primeiro turno das eleições será em 23 e 24 de maio. Se houver segundo turno, ele será realizado em 16 e 17 de junho. A comissão eleitoral deverá decidir na terça-feira quais apelos serão levados em conta e uma lista final dos candidatos a presidente será publicada em 26 de abril.Os três candidatos barrados são o ultraconservador islâmico Hazem Abu Ismail, o conservador islâmico Khairat al-Shater, da Irmandade Muçulmana, e o ex-chefe da espionagem do presidente Hosni Mubarak (derrubado em fevereiro de 2011), Omar Suleiman. O fato de dois dos candidatos islamitas mais destacados serem barrados pela Justiça eleitoral levou a acusações de que ela é manipulada pela junta militar que governa o Egito desde a queda de Mubarak - derrubado por um levante popular em 11 de fevereiro de 2011.A Justiça não deu motivos para as candidaturas serem desqualificadas. Abu Ismail, um advogado que virou pregador muçulmano, foi supostamente barrado porque a mãe do pré-candidato tinha dupla cidadania egípcia e norte-americana. Sob a nova lei eleitoral do Egito, os pais de qualquer candidato não podem ter qualquer cidadania estrangeira.Já o caso de al-Shater é mais complicado. A candidatura dele foi barrada porque ele serviu sentenças de prisão na época de Mubarak, mas isso aconteceu com quase todos os membros da Irmandade Muçulmana e uma lei de anistia, feita em 2011 e após o fim do regime, anistiou al-Shater.No caso de Suleiman, ele chefiou durante décadas a espionagem de Mubarak e foi o elo de ligação entre o Estado egípcio, os grupos palestinos e o governo de Israel. Mas a Justiça não deu um motivo claro para a candidatura de Suleiman ser desqualificada.O analista político Yousri Ezdawy, do Centro Al-Ahram para Estudos de Política e Estratégia, disse que a comissão eleitoral "não age de maneira transparente" e não é clara nas decisões. "Existe uma falta de confiança no sistema por causa disso, ninguém consegue compreender realmente o que está acontecendo (no Egito)", disse.Ezdawy disse que o provável candidato ungido pela junta militar será o político Amr Moussa, ex-secretário-geral da Liga Árabe e que também foi chanceler do governo Mubarak. Mas outros afirmam que a junta militar prefere Suleiman, o qual acabará tendo sua candidatura autorizada. Mas a Irmandade Muçulmana, prevendo a possível desqualificação da candidatura de al-Shater, preparou a candidatura do chefe do seu partido político, Mohammed Morsi. As informações são da Associated Press.

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