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Candidatos de ultradireita complicam situação de Bibi

Líder do Likud terá mais dificuldade para formar aliança se for eleito em fevereiro

Por Ethan Bronner
Atualização:

Os resultados das eleições primárias do partido Likud, realizadas na semana passada, em Israel, colocaram seu líder, Binyamin Bibi Netanyahu, numa posição difícil. A lista de candidatos parlamentares vitoriosos acabou sendo mais combativa do que o próprio Netanyahu, o que complica a formação de uma coalizão centrista, caso ele seja eleito. Netanyahu vem dizendo a funcionários de governos árabes, europeus e americano que, caso seja eleito primeiro-ministro em fevereiro, como indicam as pesquisas de opinião, prosseguirá negociando com os palestinos e governará ao lado de uma coalizão ampla. O problema é que os parlamentares do Likud que saíram vitoriosos rejeitam concessões territoriais aos palestinos ou demonstram tamanho ceticismo quanto às intenções e capacidades dos palestinos que desconsideram a possibilidade de qualquer negociação com eles, classificando-a de perda de tempo. "Estamos observando a formação de uma lista que pode tornar mais difícil para Netanyahu governar como ele havia planejado", disse Zalman Shoval, assessor de longa data de Netanyahu para assuntos internacionais e ex-embaixador de Israel em Washington. Na quarta-feira, o jornal centrista Yediot Ahronot trazia uma coluna de Nahum Barnea onde ele dizia que Netanyahu era "um refém nas mãos da extrema direita". O jornal Jerusalém Post publicou em seu editorial: "Netanyahu precisa dizer urgentemente a seus candidatos na Knesset (Parlamento), ao público eleitor de Israel e aos aliados de Israel em todo o mundo o que, afinal, seu partido representa agora. Caso contrário, outros definirão prontamente o rumo do partido em seu lugar." "Acho que a divisão entre pombos e falcões é menos relevante porque a maioria dos israelenses não acha que a paz esteja próxima", disse Ron Dermer, assessor de campanha ligado a Netanyahu. "O que estamos dizendo é: não nos enredemos numa abordagem do tipo tudo ou nada. Vamos manter o progresso pragmático com os palestinos ao mesmo tempo em que avançamos com nossa agenda doméstica." Considerando que muitos falcões se mostraram menos combativos depois de ter assumido o poder, alguns israelenses argumentam que o mesmo pode acontecer com quem quer que vença as eleições de fevereiro. Eles apontam para a mudança de opinião que ocorreu com o ex-primeiro-ministro Ariel Sharon e o atual primeiro-ministro, Ehud Olmert, e dizem que Netanyahu deve seguir o mesmo caminho. Mas a escolha de diversos candidatos do Likud feita nesta semana vai provavelmente complicar esta análise. Um caso emblemático foi a eleição de Moshe Feiglin para ocupar o 20º lugar na lista do Likud. Ele está entre os colonos mais resistentes da Cisjordânia, tendo defendido a interrupção do fornecimento de água e eletricidade para as áreas palestinas. Pode até ser que os demais membros do Partido Likud nem sejam tão linha-dura e tão intransigentes quanto Feiglin. Mesmo assim, tornariam muito difíceis as negociações com os palestinos, impossibilitando a concessão de territórios.

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