17 de agosto de 2010 | 09h00
ISLAMABAD - Apenas uma pequena fração dos 6 milhões de paquistaneses desesperados por comida e água potável já recebeu ajuda depois das inundações no país, num momento em que a ONU tenta superar o "cansaço" dos doadores e faz um apelo urgente por mais verbas.
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De acordo com a ONU, apenas cerca de meio milhão de sobreviventes recebeu rações alimentares e galões de água potável depois de ficarem desabrigadas pelas enchentes que destruíram aldeias, estradas e pontes em grande parte do Paquistão.
A ONU alerta também que até 3,5 milhões de crianças estão sob risco de contraírem doenças transmitidas por insetos e água contaminada.
"Temos um país com diarreia endêmica, cólera endêmica, infecções endêmicas das vias respiratórias superiores, e a situação é propícia a problemas muito maiores", disse Daniel Toole, diretor regional do Unicef para o sul da Ásia, falando a jornalistas.
"Não podemos pagar (as despesas) com promessas. Não podemos comprar pastilhas purificadoras, não podemos apoiar o Paquistão com promessas. Conclamo a comunidade internacional a urgentemente transformar promessas em cheques." Segundo a ONU, o primeiro caso de cólera já foi registrado.
Estima-se que pelo menos um décimo dos 170 milhões de paquistaneses tenha sido de alguma forma afetado pela catástrofe. Até 1.600 pessoas já morreram e 2 milhões estão desabrigadas.
A ONU diz que apenas um quarto dos US$ 459 milhões necessários para a ajuda emergencial chegou ao Paquistão. Há uma crescente insatisfação popular, o que evidencia as potenciais consequências políticas da crise para o impopular governo do presidente Asif Ali Zardari.
"Só uma proporção limitada das necessidades em termos de água e comida foi atendida. Uma das principais razões para isso é (a falta de) verba", disse à Reuters Maurizio Giuliano, porta-voz da ONU, acrescentando que o lento avanço das inundações, em comparação à violência de terremotos e tsunamis, atrapalha a coleta de donativos. "As enchentes não chegam em 30 segundos (...), mas as necessidades humanitárias são maiores do que no Haiti", disse ele.
O Banco Mundial deve liberar US$ 900 milhões para as atividades emergenciais. A verba, na realidade, virá de uma reprogramação de projetos planejados e da realocação de quantias já desembolsadas.
O Paquistão ainda não tem uma estimativa precisa dos prejuízos, mas analistas dizem que o país pode perder mais de um ponto percentual no crescimento do seu PIB neste ano.
O alto-comissário (embaixador) paquistanês em Londres, Wajid Shamsul Hasan, disse na segunda-feira à Reuters que o custo da reconstrução pode oscilar entre US$ 10 e 15 bilhões.
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