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Capitão italiano começou carreira cuidando de segurança de navios

Francesco Schettino é acusado de ser o responsável pelo naufrágio do Costa Concordia

Atualização:

ROMA - Acusado de ser o principal responsável pelo naufrágio de um cruzeiro com 4,3 mil pessoas a bordo na costa italiana, o capitão Francesco Schettino passou boa parte de seus 52 anos perto do mar.

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Acusado de negligência no comando do Costa Concordia, Schettino ironicamente começou a trabalhar na empresa dona do navio, a Costa Crociere, como responsável pela segurança das embarcações, em 2002. Em 2006 foi promovido a capitão. Não se sabem muitos detalhes da vida pessoal do capitão. Sua família evita dar entrevistas desde a tragédia do cruzeiro Costa Corcórdia na costa da ilha de Giglio, episódio que parece ter afundado a carreira de Schettino, agora sob prisão domicilar. Nascido em Castellammare di Stabia, próxima a Nápoles, Schettino fez seus estudos náuticos na cidade de Piano di Sorrento. Segundo a empresa de cruzeiros, o acidente que já deixou mais de uma dezena de mortos identificados foi motivado por "sérios erros de julgamento" de Schettino. De acordo com a companhia, ele alterou a rota do cruzeiro em uma manobra "não autorizada, desaprovada e desconhecida". Segundo relatos, Schettino teria se aproximado da ilha de Giglio para saudar os moradores do local. Gravação Poucas horas após o naufrágio, Schettino deu uma entrevista à TV italiana na qual disse ter ficado no navio até a última pessoa a bordo ser retirada. Ele disse ainda que as cartas náuticas não haviam mostrado a existência de rochas no local. A gravação de uma conversa do capitão com um oficial da guarda-costeria italiana, no entanto, desmentiu a versão. Na gravação, o oficial Gregório de Falco ordena a Schettino que volte à embarcação. Ele argumenta que está escuro e que o barco está inclinado, no que o militar retruca. "Por que quer voltar para casa, Schettino? Está escuro e quer voltar? Pegue o bote e vá até o navio e me diga o que pode fazer, quantas pessoas estão lá e o que precisam". Um taxista ouvido pela agência Ansa disse que levou Schettino a um hotel da ilha, na manhã de sábado, horas depois do naufrágio. Mãe e Titanic Uma dos poucos familiares de Schettino a falar foi sua irmã, em uma entrevista ao jornal Il Mattino de Nápoles. Segundo ela, a primeira pessoa para quem Schettino ligou após a tragédia foi para a mãe, Rosa, de 80 anos. "Ele ligou para ela às cinco da manhã de sábado para dizer que havia ocorrido um desastre, que ele tinha tentado salvar quantos passageiros conseguiu e que era para ela não se preocupar, que tudo estava resolvido", disse a irmã. Em uma entrevista dada ao jornal tcheco Dnes, em 2010, Schettino disse que com "preparo adequado qualquer situação pode ser superada e qualquer problema prevenido" no mar. Questionado se o filme Titanic, de 1997, havia desencorajado as pessoas a embarcarem em cruzeiros, ele foi irônico. "Felizmente, as pessoas esquecem as tragédias rapidamente. É como queda de avião. Ninguém acha que isso pode acontecer com você", disse. A pesar de boa parte da opinião pública ter se voltado contra Schettino, ele também conquistou fãs. Uma página em sua defesa no Facebook já conta com mais de 1.500 apoiadores, que argumentam que o capitão ajudou a salvar muitas vidas no acidente.

 

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