
26 de outubro de 2016 | 10h57
CARACAS - O líder opositor venezuelano Henrique Capriles afirmou que não descarta conversar com o governo de Nicolás Maduro para resolver a crise que assola o país, mas como desconfia dos representantes do chavismo, da Unasul e, principalmente, do ex-premiê espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, só aceitaria fazê-lo com algumas condições, como a incorporação de outros ex-primeiros ministros da Espanha, como Felipe González, uma agenda que inclua a restituição da ordem constitucional, a libertação dos políticos presos, a aceitação de ajuda humanitária e a convocação do referendo revogatório.
"Se tivesse que me reunir com o diabo eu o faria, mas com testemunhas, com o Vaticano", disse Capriles ao jornal venezuelano El Nacional. "A oposição não tem o que negociar. O governo chama para o diálogo por que está com a água no pescoço e funcionários do alto escalão compraram casas e querem negociar sua saída (do país). O diálogo não é para salvar Maduro e seu governo."
Capriles avaliou ainda a possibilidade de um acordo para eleições gerais, fruto de negociações e feito por meio de uma emenda à Constituição. "(Teria que ser) assinado porque não é possível acredita em nada (que falam) essas pessoas e referendado pela população", opinou.
O governador do Estado de Miranda explicou que sabia da reunião de membros da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) com o enviado do papa Francisco, monsenhor Edil Paul Tscherrig, mas que desconhecia o conteúdo que foi anunciado e por isso se manifestou. "Falamos em Caracas. Ponto. Não na República Dominicana nem na Ilha Margarita. O governo deseja que seja fora (da capital) para evitar a imprensa. Só querem ganhar tempo e tentar implodir a oposição", acusou.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.