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Capriles é eleito candidato da oposição para enfrentar Chávez em outubro

Governador do Estado de Miranda se inspira no PT brasileiro para ser presidente venezuelano

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - O governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski, foi eleito neste domingo candidato único da oposição para enfrentar o presidente Hugo Chávez, no poder há 13 anos, na eleição presidencial de 7 de outubro. Capriles, de 39 anos, declara inspirar-se na esquerda moderada do PT brasileiro, e fez um discurso de reconciliação, num país profundamente polarizado entre pró e antichavistas.Contados 95% dos votos, Capriles vencia ontem à noite com 62%. Em segundo lugar, com 30%, ficou outro governador, Pablo Pérez, do Estado de Zulia, também identificado como de centro-esquerda. A deputada María Corina Machado ficou com 3,5%; o diplomata Diego Arria, com 1%, e o ex-senador e ex-chavista Pablo Medina, com 0,5%. As eleições primárias da oposição escolheram também 17 candidatos a governador e 250 a prefeito, que se lançarão a eleições estaduais e municipais em novembro. A frente oposicionista Mesa de Unidade Democrática (MUD) promete manter-se unida para enfrentar os chavistas. Pérez reconheceu a vitória de Capriles logo depois do anúncio dos resultados, e prometeu apoiá-lo. "A mudança chegou", disse ele. "Aqui não há vencedores nem vencidos."A deputada María Corina Machado, a única mulher dos cinco pré-candidatos, reconheceu a vitória de Capriles logo depois que o Conselho Nacional Eleitoral entregou o resultado da contagem de 95% dos votos à Comissão Eleitoral de Primárias da MUD. Ela também prometeu apoiá-lo. "A luta amanhã se intensifica", disse a deputada, a mais votada da Venezuela. "Todos reunidos ao redor de um só comando."Um total de 2,9 milhões de venezuelanos desafiou Chávez e saiu para votar. A previsão inicial era a de fechar as urnas às 16 horas, mas muitas seções permaneceram abertas até bem mais tarde, por causa das filas. Em algumas seções o comparecimento superou 50%. Pela primeira vez na história da Venezuela, todos os 18 milhões de eleitores podiam participar em primárias unificadas da oposição. "Em todo o país, o povo saiu para votar, superando as expectativas que tínhamos", disse Teresa Albanes, presidente da Comissão Eleitoral. O dia transcorreu com tranquilidade. As primárias tiveram o respaldo do Conselho Nacional Eleitoral, que forneceu as listas de eleitores, alugou as urnas eletrônicas para a frente oposicionista e contou os votos; e das Forças Armadas, que mobilizaram 90 mil homens para garantir a ordem. Apenas queixas localizadas de irregularidades, como propaganda nas seções eleitorais, foram registradas. "A Comissão está satisfeita com o andamento do processo", declarou Teresa Albanes. "Os incidentes ocorridos foram resolvidos ao longo do dia." Tão importante quanto o resultado, para a oposição, era o comparecimento. Nas últimas eleições, para a Assembleia Nacional, em 2010, o comparecimento foi de 66%, e o país se mostrou dividido praticamente ao meio, com vitória por 51% a 49% para a oposição, que, mesmo assim, ficou com menos cadeiras no Parlamento, por causa do sistema proporcional de divisão por Estados. A Comissão Eleitoral prometeu destruir as atas de votação 48 horas depois do fechamentos das urnas, e de dirimidos eventuais questionamentos dos resultados. Mesmo assim, muitos funcionários públicos não foram votar, com receio de perseguição pelo governo, e da formação de "listas negras", como ocorreu no passado. "Não tenho medo de vir votar porque o governo não me dá de comer", disse Reynaldo Salas, de 22 anos, dono de uma loja de celulares no bairro de classe média de Sabana Grande. Chávez participou neste domingo de um desfile militar pelo Dia da Juventude, na pequena cidade de La Victoria, no Estado de Aragua. Parafraseando Simón Bolívar, herói da independência, o presidente declarou: "Independência ou nada. Não podemos permitir que se feche a porta de novo, que a Venezuela volte a perder sua independência."

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